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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Razão, esta imagem animada, a obra-prima da Natureza.” -História da Revolução<br />

Francesa, de Thiers, vol. 2, págs. 370 e 371.<br />

Ao ser a deusa apresentada à Convenção, o orador tomou-a pela mão e, voltando-se à<br />

assembléia, disse: “Mortais, cessai de tremer perante os trovões impotentes de um Deus<br />

que vossos temores criaram. Não reconheçais, doravante, outra divindade senão a Razão.<br />

Ofereço-vos sua mais nobre e pura imagem; se haveis de ter ídolos, sacrificai apenas aos<br />

que sejam como este. ... Caí perante o augusto Senado da Liberdade, ó Véu da Razão! ...<br />

“A deusa, depois de ser abraçada pelo presidente, foi elevada a um carro suntuoso e<br />

conduzida, por entre vasta multidão, à c<strong>ate</strong>dral de Notre Dame para tomar o lugar da<br />

Divindade. Ali foi ela erguida ao altar-mor e recebeu a adoração de todos os presentes.” -<br />

Alison.<br />

Não muito depois, seguiu-se a queima pública da Escritura Sagrada. Em uma ocasião,<br />

“a Sociedade Popular do Museu” entrou no salão da municipalidade, exclamando: “Vive<br />

La Raison!” e carregando na extremidade de um mastro os restos meio queimados de<br />

vários livros, entre os quais breviários, missais, e o Antigo e Novo Testamentos, livros<br />

que “expiavam em grande fogo”, disse o presidente, “todas as loucuras que tinham feito a<br />

raça humana cometer.” -Journal de Paris, 14 de novembro de 1793 (nº 318).<br />

Foi o papado que começara a obra que o <strong>ate</strong>ísmo estava a completar: A política de<br />

Roma produzira aquelas condições sociais, políticas e religiosas, que estavam<br />

precipitando a França na ruína. Referindo-se aos horrores da Revolução, dizem escritores<br />

que esses excessos devem ser atribuídos ao trono e à igreja. Com estrita justiça devem ser<br />

atribuídos à igreja. O papado envenenara a mente dos reis contra a Reforma, como<br />

inimiga da coroa, elemento de discórdia que seria fatal à paz e harmonia da nação. Foi o<br />

gênio de Roma que por este meio inspirou a mais espantosa crueldade e mortificante<br />

opressão que procediam do trono.<br />

O espírito de liberdade acompanhava a Bíblia. Onde quer que o evangelho era<br />

recebido, despertava-se o povo. Começavam os homens a romper as algemas que os<br />

haviam conservado escravos da ignorância, vício e superstição. Começavam a pensar e<br />

agir como homens. Os monarcas, ao verem isto, temeram pelo seu despotismo. Roma não<br />

foi tardia em inflamar seus ciosos temores. Disse o papa ao regente da França em 1525:<br />

“Esta mania [o protestantismo], não somente confundirá e destruirá a religião, mas todos<br />

os principados, nobreza, leis, ordens e classes juntamente.” -História dos Protestantes da<br />

França, G. de Félice. Poucos anos mais tarde um núncio papal advertiu ao rei:<br />

“Majestade, não vos enganeis. Os protestantes subverterão toda a ordem civil e religiosa.<br />

... O trono está em tão grande perigo como o altar. ... A introdução de uma nova religião<br />

deve necessariamente introduzir novo governo.” -História da Reforma no Tempo de<br />

Calvino, D’Aubigné. E os teólogos apelavam para os preconceitos do povo, declarando

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