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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Capitulo 6 - Dois Heróis<br />

O Evangelho fora implantado na Boêmia já no século IX. A Bíblia achava-se<br />

traduzida, e o culto público era celebrado na língua do povo. Mas, à medida que<br />

aumentava o poderio do papa, a Palavra de Deus se obscurecia. Gregório VII, que tomara<br />

a si o ab<strong>ate</strong>r o orgulho dos reis, não tinha menos intenções de escravizar o povo, e de<br />

acordo com isto expediu uma bula proibindo que o culto público fosse dirigido na língua<br />

boêmia. O papa declarava ser “agradável ao Onipotente que Seu culto fosse celebrado em<br />

língua desconhecida, e que muitos males e heresias haviam surgido por não se observar<br />

esta regra.” -Wylie. Assim Roma decretava que a luz da Palavra de Deus se extinguisse e<br />

o povo fosse encerrado em trevas. O Céu havia provido outros fatores para a preservação<br />

da igreja. Muitos dos valdenses e albigenses, pela perseguição expulsos de seus lares na<br />

França, e Itália, foram à Boêmia. Posto que não ousassem ensinar abertamente, zelosos<br />

trabalhavam em segredo. Assim se preservou a verdadeira fé de século em século.<br />

Antes dos dias de Huss, houve na Boêmia homens que se levantaram para condenar<br />

abertamente a corrupção na igreja e a dissolução do povo. Seus trabalhos despertaram<br />

interesse que se estendeu largamente. Suscitaram-se os temores da hierarquia e iniciou-se<br />

a perseguição contra os discípulos do evangelho. Compelidos a fazer seu culto nas<br />

florestas e montanhas, davam-lhes caça os soldados, e muitos foram mortos. Depois de<br />

algum tempo se decretou que todos os que se afastassem do culto romano deviam ser<br />

queimados. Mas, enquanto os cristãos rendiam a vida, olhavam à frente para a vitória de<br />

sua causa. Um dos que “ensinavam que a salvação só se encontra pela fé no Salvador<br />

crucificado”, declarou ao morrer: “A fúria dos inimigos da verdade agora prevalece<br />

contra nós, mas não será para sempre; levantar-se-á um dentre o povo comum, sem<br />

espada nem autoridade, e contra ele não poderão prevalecer.” -Wylie. O tempo de Lutero<br />

estava ainda muito distante; mas já se erguia alguém, cujo testemunho contra Roma<br />

abalaria as nações.<br />

João Huss era de humilde nascimento e cedo ficou órfão pela morte do pai. Sua<br />

piedosa mãe, considerando a educação e o temor de Deus como a mais valiosa das<br />

posses, procurou assegurar esta herança para o filho. Huss estudou na escola da<br />

província, passando depois para a Universidade de Praga, onde teve admissão gratuita<br />

como estudante pobre. Foi acompanhado na viagem por sua mãe; viúva e pobre, não<br />

possuía dádivas nem riquezas mundanas para conferir ao filho; mas, aproximando-se eles<br />

da grande cidade, ajoelhou-se ela ao lado do jovem sem pai, e invocou-lhe a bênção do<br />

Pai celestial. Pouco imaginara aquela mãe como deveria sua oração ser <strong>ate</strong>ndida.<br />

Na Universidade, Huss logo se distinguiu pela sua incansável aplicação e rápidos<br />

progressos, enquanto a vida irrepreensível e modos afáveis e simpáticos lhe conquistaram<br />

estima geral. Era sincero adepto da igreja de Roma, e fervorosamente buscava as bênçãos

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