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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

abjuração anterior e, como moribundo, exigiu solenemente oportunidade para fazer sua<br />

defesa. Temendo o efeito de suas palavras,os prelados insistiram em que ele meramente<br />

afirmasse ou negasse a verdade das acusações apresentadas contra ele. Jerônimo<br />

protestou contra tal crueldade e injustiça. “Conservastes-me encerrado durante trezentos e<br />

quarenta dias, numa prisão horrível”, disse ele, “em meio de imundície, repugnante mau<br />

cheiro e da maior carência de tudo; trazeis-me depois diante de vós e, dando ouvidos a<br />

meus inimigos mortais, recusais-vos a ouvir-me. ... Se sois na verdade homens prudentes,<br />

e a luz do mundo, tende cuidado em não pecar contra a justiça. Quanto a mim, sou apenas<br />

um fraco mortal; minha vida não tem senão pouca importância; e, quando vos exorto a<br />

não lavrar uma sentença injusta, falo menos por mim do que por vós.” -Bonnechose.<br />

Seu pedido foi, finalmente, <strong>ate</strong>ndido. Na presença dos juízes, Jerônimo ajoelhou-se e<br />

orou para que o Espírito divino lhe dirigisse os pensamentos e palavras, de modo que<br />

nada falasse contrário à verdade ou indigno de seu Mestre. Para ele naquele dia se<br />

cumpriu a promessa de Deus aos primeiros discípulos: “Sereis até conduzidos à presença<br />

dos governadores e dos reis por causa de Mim. ... Mas, quando vos entregarem, não vos<br />

dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será<br />

ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de<br />

vosso Pai é que fala em vós.” M<strong>ate</strong>us 10:18-20.<br />

As palavras de Jerônimo excitaram espanto e admiração, mesmo a seus inimigos.<br />

Durante um ano inteiro, havia ele estado emparedado numa masmorra, impossibilitado de<br />

ler ou mesmo ver, com grande sofrimento físico e ansiedade mental. No entanto, seus<br />

argumentos eram apresentados com tanta clareza e força como se houvesse tido<br />

oportunidade tranqüila para o estudo. Indicou aos ouvintes a longa série de homens<br />

santos que haviam sido condenados por juízes injustos. Em quase cada geração houve os<br />

que, enquanto procuravam enobrecer o povo de seu tempo, foram censurados e<br />

rejeitados, mas que em tempos posteriores mostraram ser dignos de honra. O próprio<br />

Cristo foi, por um tribunal injusto, condenado como malfeitor.<br />

Em sua retratação, Jerônimo consentira na justiça da sentença que condenara Huss;<br />

declarou ele agora o seu arrependimento, e deu testemunho da inocência e santidade do<br />

mártir. “Conheci-o desde a meninice”, disse ele. “Foi um ótimo homem, justo e santo; foi<br />

condenado apesar de sua inocência. ... Eu, eu também estou pronto para morrer; não<br />

recuarei diante dos tormentos que estão preparados para mim por meus inimigos e falsas<br />

testemunhas, que um dia terão de prestar contas de suas imposturas perante o grande<br />

Deus, a quem nada pode enganar.” -Bonnechose.<br />

Reprovando-se a si mesmo por sua negação da verdade, Jerônimo continuou: “De<br />

todos os pecados que tenho cometido desde minha juventude, nenhum pesa tão<br />

gravemente em meu espírito e me causa tão pungente remorso, como aquele que cometi

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