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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

perdão do pecado por dinheiro, o outro, mediante Cristo; Roma permitindo o pecado e<br />

dele fazendo sua fonte de renda, os reformadores condenando o pecado e apontando para<br />

Cristo como a propiciação e o libertador.<br />

Na Alemanha, a venda das indulgências fora confiada aos frades dominicanos, e era<br />

dirigida pelo infame Tetzel. Na Suíça, foi a mesma entregue aos franciscanos, sob a<br />

direção de Sansão, monge italiano. Sansão prestara já bom serviço à igreja, tendo<br />

conseguido imensas somas da Alemanha e Suíça, para encher o tesouro papal.<br />

Atravessava então a Suíça, atraindo grandes multidões, despojando os pobres camponeses<br />

de seus minguados ganhos, e extorquindo ricos donativos das classes abastadas. A<br />

influência da Reforma, porém, já se fazia sentir, limitando aquele comércio, posto que o<br />

mesmo não pudesse deter-se. Zwínglio estava ainda em Einsiedeln, quando Sansão, logo<br />

depois de entrar na Suíça, chegou com sua mercadoria a uma cidade vizinha. Informado<br />

de sua missão, o reformador imediatamente começou a opor-se-lhe. Os dois não se<br />

encontraram, mas tal foi o êxito de Zwínglio ao expor as pretensões do frade que este foi<br />

obrigado a seguir para outras localidades.<br />

Em Zurique, Zwínglio pregou zelosamente contra os vendedores de perdão; e, quando<br />

Sansão se aproximou do lugar, foi encontrado por um mensageiro do conselho com uma<br />

intimação de que se esperava passasse ele para outra parte. Por um estratagema,<br />

conseguiu afinal entrada, mas foi enviado para fora sem a venda de um único perdão, e<br />

logo depois deixou a Suíça. Grande impulso foi dado à Reforma com o aparecimento da<br />

peste, ou “grande morte”, que varreu a Suíça no ano 1519. Sendo os homens assim postos<br />

em face do destruidor, muitos foram levados a sentir quão vãos e inúteis eram os perdões<br />

que tinham tão recentemente comprado; e anelavam um fundamento mais seguro para a<br />

sua fé. Zwínglio, em Zurique, caiu doente. Ficou tão mal que abandonou toda a esperança<br />

de restabelecimento, e largamente circulou a notícia de que falecera. Naquela hora de<br />

provação, sua esperança e coragem foram inabaláveis. Olhava com fé para a cruz do<br />

Calvário, confiando na todo-suficiente propiciação pelo pecado. Quando ele voltou das<br />

portas da morte, foi pregar o evangelho com maior fervor do que nunca dantes, e suas<br />

palavras exerciam desusado poder. O povo dava com alegria as boas-vindas a seu amado<br />

pastor, que lhes fora restituído da beira da sepultura. Eles mesmos tinham acabado de<br />

assistir os doentes e moribundos e sentiam, como nunca dantes, o valor do evangelho.<br />

Zwínglio chegara a uma compreensão mais clara de suas verdades, e havia mais<br />

completamente experimentado em si seu poder renovador. A queda do homem e o plano<br />

da redenção eram os assuntos de que ele se ocupava. “Em Adão”, dizia, “todos estamos<br />

mortos, submersos na corrupção e condenação.” -Wylie. “Cristo... adquiriu-nos uma<br />

redenção intérmina. ... Sua paixão é... um sacrifício eterno, e eternamente eficaz para<br />

curar; satisfaz para sempre a justiça divina, em favor de todos os que nela confiam com<br />

firme e inabalável fé.” Contudo, ensinava claramente que os homens não estão, por causa

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