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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

levada a maior preeminência perante as autoridades da Terra. O rei Fernando havia-se<br />

negado a ouvir os príncipes evangélicos; mas a estes deveria ser concedida oportunidade<br />

de apresentar sua causa na presença do imperador e dos dignitários da Igreja e do Estado,<br />

em assembléia. A fim de acalmar as dissensões que perturbavam o império, Carlos V, no<br />

ano que se seguiu ao protesto de Espira, convocou uma Dieta em Augsburgo, anunciando<br />

sua intenção de presidir a ela em pessoa. Para ali foram convocados os dirigentes<br />

protestantes.<br />

Grandes perigos ameaçavam a Reforma; mas seus defensores ainda confiavam sua<br />

causa a Deus e se comprometiam a ser leais ao evangelho. Os conselheiros do eleitor da<br />

Saxônia insistiram com ele para que não comparecesse à Dieta. O imperador, diziam eles,<br />

exigia a assistência dos príncipes a fim de atraí-los a uma cilada. “Não é arriscar tudo, ir e<br />

encerrar-se alguém dentro dos muros de uma cidade, com um poderoso inimigo?” Outros,<br />

porém, nobremente declaravam: “Portem-se tão-somente os príncipes com coragem, e a<br />

causa de Deus está salva.” “Deus é fiel; Ele não nos abandonará”, disse Lutero. -<br />

D’Aubigné. O eleitor, juntamente com seu séquito, partiu para Augsburgo. Todos<br />

estavam cientes dos perigos que o ameaçavam, e muitos seguiram com semblante triste e<br />

coração perturbado. Mas Lutero, que os acompanhou até Coburgo, reviveu-lhes a fé<br />

bruxuleante cantando o hino, escrito naquela viagem: “Castelo forte é nosso Deus.” Ao<br />

som dos acordes inspirados, foram banidos muitos aflitivos sinais e aliviados muitos<br />

corações sobrecarregados.<br />

Os príncipes reformados resolveram redigir uma declaração sistematizada de suas<br />

opiniões, com as provas das Escrituras, apresentando-a à Dieta; e a tarefa da preparação<br />

da mesma foi confiada a Lutero, Melâncton e seus companheiros. Esta Confissão foi<br />

aceita pelos protestantes como uma exposição de sua fé, e reuniram-se para assinar o<br />

importante documento. Foi um tempo solene e probante. Os reformadores mostravam<br />

insistência em que sua causa não fosse confundida com questões políticas; compreendiam<br />

que a Reforma não deveria exercer outra influência além da que procede da Palavra de<br />

Deus. Ao virem para a frente os príncipes cristãos a fim de assinar a Confissão,<br />

Melâncton se interpôs, dizendo: “Compete aos teólogos e ministros propor estas coisas;<br />

reservemos para outros assuntos a autoridade dos poderosos da Terra.” “Deus não<br />

permita”, replicou João da Saxônia, “que me excluais. Estou resolvido a fazer o que é<br />

reto sem me perturbar acerca de minha coroa. Desejo confessar o Senhor. Meu chapéu de<br />

eleitor e meus títulos de nobreza não são para mim tão preciosos como a cruz de Jesus<br />

Cristo.” Tendo assim falado assinou o nome. Disse outro dos príncipes, ao tomar a pena:<br />

“Se a honra de meu Senhor Jesus Cristo o exige, estou pronto... para deixar meus bens e<br />

vida.” “Renunciaria de preferência a meus súditos e a meus domínios, deixaria de<br />

preferência o país de meus pais, com o bordão na mão”, continuou ele, “a receber

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