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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

“Quando as notícias do massacre chegaram a Roma, a exultação entre o clero não teve<br />

limites. O cardeal de Lorena recompensou o mensageiro com mil coroas; o canhão de<br />

Santo Ângelo reboou em alegre salva; os sinos tangeram em todos os campanários;<br />

fogueiras festivas tornaram a noite em dia; e Gregório XIII, acompanhado dos cardeais e<br />

outros dignitários eclesiásticos, foi, em longa procissão, à igreja de São Luís, onde o<br />

cardeal de Lorena cantou o Te Deum. ... Uma medalha foi cunhada para comemorar o<br />

massacre, e no Vaticano ainda se podem ver três quadros de Vasari descrevendo o ataque<br />

ao almirante, o rei em conselho urdindo a matança, e o próprio morticínio. Gregório<br />

enviou a Carlos a Rosa de Ouro; e quatro meses depois da carnificina, ... ouviu<br />

complacentemente ao sermão de um padre francês, ... que falou daquele ‘dia tão cheio de<br />

felicidade e regozijo, em que o santíssimo padre recebeu a notícia, e foi em aparato<br />

solene dar graças a Deus e a São Luís’.” -O Massacre de São Bartolomeu, de Henry<br />

White.<br />

O mesmo espírito sobrenatural que instigou o massacre de São Bartolomeu, dirigiu<br />

também as cenas da Revolução. Foi declarado ser Jesus Cristo um impostor e o grito de<br />

zombaria dos incrédulos franceses era: “Esmagai o Miserável!” querendo dizer Cristo.<br />

Blasfêmia que desafiava o Céu e abominável impiedade iam de mãos dadas, e os mais vis<br />

dentre os homens, os mais execráveis monstros de crueldade e vício, eram elevados aos<br />

mais altos postos. Em tudo isto, prestava-se suprema homenagem a Satanás, enquanto<br />

Cristo, em Seus característicos de verdade, pureza e amor abnegado, era crucificado.<br />

“A besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará.” O poder<br />

<strong>ate</strong>ísta que governou na França durante a Revolução e reinado do terror, desencadeou<br />

contra Deus e Sua santa Palavra uma guerra como jamais o testemunhara o mundo. O<br />

culto à Divindade fora abolido pela Assembléia Nacional. Bíblias eram recolhidas e<br />

publicamente queimadas com toda a manifestação de escárnio possível. A lei de Deus era<br />

calcada a pés. As instituições das Escrituras Sagradas, abolidas. O dia de repouso<br />

semanal foi posto de lado, e em seu lugar cada décimo dia era dedicado à orgia e<br />

blasfêmia. O batismo e a comunhão foram proibidos. E anúncios afixados visivelmente<br />

nos cemitérios, declaravam ser a morte um sono eterno.<br />

Disseram estar o temor de Deus tão longe do princípio da sabedoria que era o<br />

princípio da loucura. Todo culto foi proibido, exceto o da liberdade e do país. O “bispo<br />

constitucional de Paris foi obrigado a desempenhar a parte principal na farsa mais<br />

impudente e escandalosa que já se levou à cena em face de uma representação nacional.<br />

... Em plena procissão foi ele empurrado a fim de declarar à Convenção que a religião por<br />

ele ensinada durante tantos anos, era, em todo o sentido, uma peça de artimanha padresca,<br />

destituída de fundamento tanto na História como na verdade sagrada. Negou em termos<br />

solenes e explícitos a existência da Divindade a cujo culto fora consagrado, dedicando-se,<br />

para o futuro, à homenagem da liberdade, igualdade, virtude e moralidade. Depôs então

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