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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

seus ambiciosos dirigentes, que a Bíblia fora dele retirada. (Ver História Eclesiástica, de<br />

Gieseler.)<br />

Ao entrar Tetzel numa cidade, um mensageiro ia adiante dele, anunciando: “A graça<br />

de Deus e do santo padre está às vossas portas!” -D’Aubigné. E o povo recebia o<br />

pretensioso blasfemo como se fosse o próprio Deus a eles descido do Céu. O infame<br />

tráfico era estabelecido na igreja, e Tetzel, subindo ao púlpito, exaltava as indulgências<br />

como o mais precioso dom de Deus. Declarava que em virtude de seus certificados de<br />

perdão, todos os pecados que o comprador mais tarde quisesse cometer ser-lheiam<br />

perdoados, e que “mesmo o arrependimento não é necessário.” -D’Aubigné. Mais do que<br />

isto, assegurava aos ouvintes que as indulgências tinham poder para salvar não somente<br />

os vivos mas também os mortos; que, no mesmo instante em que o dinheiro tinia de<br />

encontro ao fundo de sua caixa, a alma em cujo favor era pago escaparia do purgatório,<br />

ingressando no Céu. -História da Reforma, de Hagenbach.<br />

Quando Simão, o mago, propôs comprar dos apóstolos o poder de operar milagres,<br />

Pedro lhe respondeu: “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom<br />

de Deus se alcança por dinheiro.” Atos 8:20. A oferta de Tetzel, porém, foi aceita por<br />

ávidos milhares. Ouro e prata eram canalizados para o seu tesouro. Uma salvação que se<br />

poderia comprar com dinheiro obtinha-se mais facilmente do que a que exige o<br />

arrependimento, fé e esforço diligente para resistir ao pecado e vencê-lo. À doutrina das<br />

indulgências tinham-se oposto homens de saber e piedade da Igreja Romana, e muitos<br />

havia que não tinham fé em pretensões tão contrárias tanto à razão como à revelação.<br />

Nenhum prelado ousou erguer a voz contra este iníquo comércio; mas o espírito dos<br />

homens estava-se tornando perturbado e desassossegado, e muitos com avidez inquiriam<br />

se Deus não operaria mediante algum instrumento a purificação de Sua igreja.<br />

Lutero, conquanto ainda católico romano da mais estrita classe, encheu-se de horror<br />

ante as blasfemas declarações dos traficantes das indulgências. Muitos de sua própria<br />

congregação haviam comprado certidões de perdão, e logo começaram a dirigir-se a seu<br />

pastor, confessando seus vários pecados e esperando absolvição, não porque estivessem<br />

arrependidos e desejassem corrigir-se, mas sob o fundamento da indulgência. Lutero<br />

recusou-lhes a absolvição, advertindo-os de que, a menos que se arrependessem e<br />

reformassem a vida, haveriam de perecer em seus pecados. Com grande perplexidade<br />

voltaram a Tetzel, queixando-se de que seu confessor recusara-lhes o certificado; e<br />

alguns ousadamente exigiram que se lhes restituísse o dinheiro. O frade encheu-se de<br />

cólera. Proferiu as mais terríveis maldições, fez com que se ascendessem fogos nas<br />

praças públicas, e declarou haver “recebido ordem do papa para queimar todos os hereges<br />

que pretendessem opor-se às suas santíssimas indulgências.” -D’Aubigné.

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