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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

angústia de espírito lançou-se com o rosto em terra, derramando estes clamores<br />

entrecortados, lancinantes, que ninguém, senão Deus, pode compreender perfeitamente:<br />

“Ó Deus, todo-poderoso e eterno”, implorava ele, “quão terrível é este mundo! Eis<br />

que ele abre a boca para engolir-me, e tenho tão pouca confiança em Ti. ... Se é<br />

unicamente na força deste mundo que eu devo pôr minha confiança, tudo está acabado.<br />

... É vinda a minha última hora, minha condenação foi pronunciada. ... Ó Deus, ajudame<br />

contra toda a sabedoria do mundo. Faze isto, ... Tu somente; ... pois esta não é minha<br />

obra, mas Tua. Nada tenho a fazer por minha pessoa, e devo tratar com estes grandes do<br />

mundo. ... Mas a causa é Tua, ... e é uma causa justa e eterna. Ó Senhor, auxilia-me! Deus<br />

fiel e imutável, em homem algum ponho minha confiança. ... Tudo que é do homem é<br />

incerto; tudo que do homem vem, falha. ... Escolheste-me para esta obra. ... Sê a meu<br />

lado por amor de Teu bem-amado Jesus Cristo, que é minha defesa, meu escudo e torre<br />

forte.” -D’Aubigné.<br />

Uma providência onisciente havia permitido a Lutero compreender o perigo, para que<br />

não confiasse em sua própria força, arrojandose presunçosamente ao perigo. Não era,<br />

contudo, o temor do sofrimento pessoal, o terror da tortura ou da morte, que parecia<br />

iminente, o que o oprimia com seus horrores. Ele chegara à crise, e sentia sua<br />

insuficiência para enfrentá-la. Pela sua fraqueza, a causa da verdade poderia sofrer dano.<br />

Não para a sua própria segurança, mas para a vitória do evangelho lutava ele com Deus.<br />

Como a de Israel, naquela luta noturna, ao lado do solitário riacho, foi a angústia e<br />

conflito de sua alma. Como Israel, prevaleceu com Deus. Em seu completo desamparo,<br />

sua fé se firmou em Cristo, o poderoso Libertador. Ele se fortaleceu com a certeza de que<br />

não compareceria sozinho perante o concílio. A paz voltou à alma, e ele se regozijou de<br />

que lhe fosse permitido exaltar a Palavra de Deus perante os governadores da nação.<br />

Com o espírito repousado em Deus, Lutero preparou-se para a luta que diante dele<br />

estava. Meditou sobre o plano de sua resposta, examinou passagens de seus próprios<br />

escritos e tirou das Sagradas Escrituras provas convenientes para sustentar sua atitude.<br />

Então, pondo a mão esquerda sobre o Volume Sagrado, que estava aberto diante dele,<br />

levantou a destra para o céu, e fez um voto de “permanecer fiel ao evangelho e confessar<br />

francamente sua fé, mesmo que tivesse de selar com o sangue seu testemunho.” -<br />

D’Aubigné.<br />

Ao ser de novo introduzido à presença da Dieta, seu rosto não apresentava traços de<br />

receio ou embaraço. Calmo e cheio de paz, ainda que extraordinariamente valoroso e<br />

nobre, manteve-se como testemunha de Deus entre os grandes da Terra. O oficial<br />

imperial pediu então sua decisão sobre se desejava retratar-se de suas doutrinas. Lutero<br />

respondeu em tom submisso e humilde, sem violência nem paixão. Suas maneiras eram

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