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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

parte; quando quer que se apresentasse oportunidade, chamavam a <strong>ate</strong>nção dos fregueses<br />

para os manuscritos. Muitas vezes assim se despertava o interesse de ler a Palavra de<br />

Deus, e alguma porção era de bom grado deixada com os que a desejavam receber.<br />

A obra destes missionários começava nas planícies e vales ao pé de suas próprias<br />

montanhas, mas estendia-se muito além destes limites. Descalços e com vestes singelas e<br />

poentas da jornada como eram as de seu Mestre, passavam por grande cidades e<br />

penetravam em longínquas terras. Por toda parte espalhavam a preciosa verdade. Surgiam<br />

igrejas em seu caminho e o sangue dos mártires testemunhava da verdade. O dia de Deus<br />

revelará rica colheita de almas enceleiradas pelos labores destes homens fiéis. Velada e<br />

silenciosa, a Palavra de Deus rompia caminho através da cristandade e tinha alegre<br />

acolhida nos lares e corações.<br />

Para os valdenses não eram as Escrituras simplesmente o registro do trato de Deus<br />

para com os homens no passado e a revelação das responsabilidades e deveres do<br />

presente, mas o desvendar dos perigos e glórias do futuro. Acreditavam que o fim de<br />

todas as coisas não estava muito distante; e, estudando a Bíblia com oração e lágrimas,<br />

mais profundamente se impressionavam com suas preciosas declarações e com o dever de<br />

tornar conhecidas a outros as suas verdades salvadoras. Viam o plano da salvação<br />

claramente revelado nas páginas sagradas e encontravam conforto, esperança e paz<br />

crendo em Jesus. Ao iluminar-lhes a luz o entendimento e ao alegrar-lhes ela o coração,<br />

anelavam derramar seus raios sobre os que se achavam nas trevas do erro papal.<br />

Viam que sob a direção do papa e sacerdotes, multidões em vão se esforçavam por<br />

obter perdão afligindo o corpo por causa do pecado da alma. Ensinados a confiar nas boas<br />

obras para se salvarem, estavam sempre a olhar para si mesmos, ocupando a mente com a<br />

sua condição pecaminosa, vendo-se expostos à ira de Deus, afligindo alma e corpo, não<br />

achando, contudo, alívio. Almas conscienciosas eram, assim, enredadas pelas doutrinas<br />

de Roma. Milhares abandonavam amigos e parentes, passando a vida nas celas dos<br />

conventos. Por meio de freqüentes jejuns e cruéis açoitamentos, por vigílias à meia-noite,<br />

prostrando-se durante horas cansativas sobre as lajes frias e úmidas de sua sombria<br />

habitação, por longas peregrinações, penitências humilhantes e terrível tortura, milhares<br />

procuravam inutilmente obter paz de consciência. Oprimidos por uma intuição de pecado<br />

e perseguidos pelo temor da ira vingadora de Deus, muitos continuavam a sofrer até que a<br />

natureza exausta se rendia e, sem um resquício de luz ou esperança, baixavam à<br />

sepultura.<br />

Os valdenses ansiavam por partir a estas almas famintas o pão da vida, revelar-lhes as<br />

mensagens de paz das promessas de Deus e apontar-lhes a Cristo como a única esperança<br />

de salvação. Tinham por falsa a doutrina de que as boas obras podem expiar a<br />

transgressão da lei de Deus. A confiança nos méritos humanos faz perder de vista o amor

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