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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

para o cepo e ali seguro violentamente até cair o machado e sua decepada cabeça rolar no<br />

tablado.” -Wylie. E não foi o rei a única vítima; perto do mesmo local dois mil e<br />

oitocentos seres humanos pereceram pela guilhotina durante os sanguinários dias do<br />

Reinado do Terror.<br />

A Reforma apresentara ao mundo a Bíblia aberta, desvendando os preceitos da lei de<br />

Deus e insistindo quanto aos seus requisitos para com a consciência das pessoas. O amor<br />

infinito manifestara aos homens os estatutos e princípios do Céu. Deus dissera:<br />

“Guardaios pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento<br />

perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos e dirão: Este grande povo só<br />

é gente sábia e entendida.” Deuteronômio 4:6. Quando a França rejeitou a dádiva do Céu,<br />

lançou as sementes da anarquia e ruína e a inevitável operação de causa e efeito resultou<br />

na Revolução e no Reinado do Terror.<br />

Muito tempo antes da perseguição provocada pelos cartazes, o ousado e ardoroso<br />

Farel fora obrigado a fugir da terra de seu nascimento. Seguiu para a Suíça e, mediante<br />

seus labores, secundando a obra de Zwínglio, auxiliou a fazer pender a balança a favor da<br />

Reforma. Seus últimos anos deveriam ser ali despendidos; todavia continuou a exercer<br />

decidida influência sobre a Reforma na França. Durante os primeiros anos de exílio, seus<br />

esforços foram especialmente dirigidos no sentido de propagar o evangelho em seu país<br />

natal. Empregou tempo considerável com a pregação entre seus compatriotas próximo da<br />

fronteira, onde, com incansável vigilância, observava o conflito e auxiliava com suas<br />

palavras de animação e conselho. Com o auxílio de outros exilados, os escritos dos<br />

reformadores alemães foram traduzidos para a língua francesa, juntamente com a Bíblia<br />

em francês, impressos em grande quantidade. Por colportores foram estas obras<br />

extensamente vendidas na França. Eram fornecidas aos colportores por um preço baixo, e<br />

assim os lucros do trabalho os habilitavam a continuar.<br />

Farel entrou para o seu trabalho na Suíça com as humildes vestes de mestre-escola.<br />

Dirigindo-se a uma paróquia afastada, dedicou-se à instrução das crianças. Além das<br />

matérias usuais de ensino, cautelosamente introduziu as verdades da Escritura, esperando<br />

atingir os pais mediante as crianças. Alguns houve que creram, mas os padres se<br />

apresentaram para deter o trabalho, e o supersticioso povo do campo ergueu-se para se<br />

opor ao mesmo. “Este não pode ser o evangelho de Cristo”, insistiam os padres, “sendo<br />

que a pregação disto não traz paz, mas guerra.” -Wylie. Semelhante aos primeiros<br />

discípulos, quando perseguido em uma cidade, fugia para outra. De vila em vila, de<br />

cidade em cidade, ia ele, viajando a pé, suportando fome, frio e cansaço, e por toda parte<br />

em perigo de vida. Pregava nas praças, nas igrejas, algumas vezes nos púlpitos das<br />

c<strong>ate</strong>drais. Por vezes encontrava a igreja vazia de ouvintes; outras vezes era sua pregação<br />

interrompida com brados e zombaria; outras, ainda, era com violência arrancado do<br />

púlpito. Mais de uma vez foi apanhado pela plebe e espancado quase até morrer.

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