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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

o edito? Quão facilmente, nessa crise, em verdade tremenda, poderiam os reformadores<br />

ter argumentado consigo mesmos de maneira errônea! Quantos pretextos plausíveis e<br />

boas razões poderiam ter encontrado para a submissão! Aos príncipes luteranos era<br />

garantido o livre exercício de sua religião. O mesmo favor era estendido a todos os seus<br />

súditos que, anteriormente à aprovação daquela medida, haviam abraçado as idéias<br />

reformadas. Não deveria isto contentálos? Quantos perigos não evitaria a submissão! Em<br />

quantos acasos e conflitos desconhecidos não haveria a oposição de lançá-los? Quem<br />

sabe que oportunidades poderá trazer o futuro? Abracemos a paz; agarremos o ramo de<br />

oliveira que Roma apresenta e curemos as feridas da Alemanha. Com argumentos<br />

semelhantes a estes poderiam os reformadores ter justificado a adoção de uma conduta<br />

que, com certeza, em não muito tempo resultaria na total destruição de sua causa.<br />

“Felizmente consideraram o princípio sobre o qual aquele acordo se baseava, e agiram<br />

com fé. Qual era o princípio? Era o direito de Roma coagir a consciência e proibir o livre<br />

exame. Mas não deveriam eles próprios e seus súditos protestantes gozar de liberdade<br />

religiosa? Sim, como um favor especialmente estipulado naquele acordo, mas não como<br />

um direito. Quanto a tudo que daquele acordo se exteriorizava, deveria governar o grande<br />

princípio da autoridade; a consciência estaria fora de seus domínios; Roma era juiz<br />

infalível e deveria ser obedecida. A aceitação do acordo proposto teria sido admissão<br />

virtual de que liberdade religiosa se devesse limitar à Saxônia reformada; e, quanto ao<br />

resto todo da cristandade, o livre exame e a profissão da fé reformada seriam crimes, e<br />

deveriam ser castigados com a masmorra e a tortura. Poderiam eles consentir em localizar<br />

a liberdade religiosa? admitir a proclamação de que a Reforma fizera seu último<br />

converso? que conquistara seu último palmo de terra? e que, onde quer que Roma<br />

exercesse seu domínio naquela hora, ali deveria perpetuar-se esse domínio? Poderiam os<br />

reformadores alegar que eram inocentes do sangue daquelas centenas e milhares que, em<br />

conseqüência desse acordo, teriam que perder a vida nas terras papais? Isto seria trair,<br />

naquela hora suprema, a causa do evangelho e das liberdades da cristandade.” -Wylie.<br />

Antes, sacrificariam eles “tudo, mesmo os domínios, a coroa e a vida.” -D’Aubigné.<br />

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a<br />

maioria não tem poder.” Os delegados declararam: “É ao decreto de 1526 que devemos a<br />

paz que o império goza: sua abolição encheria a Alemanha de perturbações e divisão. A<br />

Dieta não tem competência para fazer mais do que preservar a liberdade religiosa até que<br />

o concílio se reúna.” -D’Aubigné. Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado,<br />

e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente<br />

legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o<br />

próprio princípio pelo qual os cristãos evangélicos tão nobremente lutaram.<br />

Os católicos romanos decidiram-se a derrubar o que denominaram “ousada<br />

obstinação.” Começaram procurando ocasionar divisões entre os sustentáculos da

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