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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Capitulo 12 - Os Nobres da França<br />

O protesto de Espira e a Confissão de Augsburgo, que assinalaram a vitória da<br />

Reforma na Alemanha, foram seguidos de anos de conflitos e trevas. Enfraquecido por<br />

divisões entre seus mantenedores, atacado por poderosos inimigos, o protestantismo<br />

parecia destinado a ser totalmente destruído. Milhares selaram seu testemunho com o<br />

próprio sangue. Irrompeu a guerra civil; a causa protestante foi traída por um de seus<br />

principais adeptos; os mais nobres dos príncipes reformados caíram nas mãos do<br />

imperador e foram, de cidade em cidade, arrastados como cativos. Mas, no momento de<br />

seu triunfo aparente, foi o imperador afligido com a derrota. Viu a presa arrancada ao seu<br />

poder, sendo, por fim, obrigado a conceder tolerância às doutrinas cuja destruição fora o<br />

anelo de sua vida. Pusera em risco o reino, seus tesouros e a própria vida, no intuito de<br />

esmagar a heresia. Via agora os exércitos assolados pelas batalhas, os tesouros exauridos,<br />

seus muitos reinos ameaçados de revolta, enquanto, por toda parte, a fé que em vão se<br />

esforçara por suprimir, estava a estender-se. Carlos V estivera a batalhar contra o Poder<br />

onipotente. Deus dissera: “Haja luz”, mas o imperador havia procurado perpetuar as<br />

trevas. Falhara o seu propósito; e, prematuramente envelhecido e consumido pela longa<br />

luta, abdicou o trono e sepultou-se em um claustro.<br />

Na Suíça, como na Alemanha, houve para a Reforma dias tenebrosos. Ao mesmo<br />

tempo em que muitos cantões aceitaram a fé reformada, outros se apegaram com cega<br />

persistência ao credo de Roma. Sua perseguição aos que desejavam receber a verdade,<br />

deu finalmente origem à guerra civil. Zwínglio, e muitos que a ele se haviam unido na<br />

Reforma, caíram no campo de sangue de Cappel. Oecolampadius, vencido por estes<br />

terríveis desastres, morreu logo depois. Roma estava triunfante, e em muitos lugares<br />

parecia prestes a recobrar tudo o que perdera. Mas Aquele cujos conselhos são desde a<br />

eternidade, não abandonara Sua causa nem Seu povo. Sua mão lhes traria o livramento.<br />

Suscitara, em outros países, obreiros para levar avante a Reforma.<br />

Em França, antes que o nome de Lutero fosse ouvido como reformador, já o dia<br />

começara a raiar. Um dos primeiros a receber a luz foi o idoso Lefèvre, homem de<br />

extenso saber, professor na Universidade de Paris e sincero e zeloso romanista. Em suas<br />

pesquisas da literatura antiga, sua <strong>ate</strong>nção foi dirigida para a Escritura, e introduziu o<br />

estudo desta entre os seus alunos. Lefèvre era entusiasta adorador dos santos, e<br />

empreendera a preparação de uma história dos santos e mártires, como a apresentam as<br />

lendas da igreja. Era esta uma obra que implicava grande trabalho; entretanto, ia ele bem<br />

adiantado na obra, quando, julgando que poderia obter proveitoso auxílio da Escritura<br />

Sagrada, começou o estudo desta com esse objetivo. Ali encontrou, na verdade,<br />

referência a santos, mas não idênticas às que figuravam no calendário romano. Um<br />

caudal de luz divina irrompeu-lhe no espírito. Com espanto e desgosto abandonou a

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