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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

sem resultado, porém. Depois de algum tempo foi levado ao estudo do Novo Testamento,<br />

o qual, juntamente com os escritos de Lutero, o fez aceitar a fé reformada. Logo depois,<br />

testemunhou numa aldeia vizinha a decapitação de um homem, morto por ter sido<br />

rebatizado. Isto o levou a estudar na Bíblia a questão do batismo infantil. Não pôde<br />

encontrar prova para ele nas Escrituras, mas viu que o arrependimento e a fé eram tudo<br />

que se exigia como condição para receber o batismo.<br />

Meno retirou-se da igreja romana e dedicou a vida a ensinar as verdades que recebera.<br />

Tanto na Alemanha como nos Países Baixos surgira uma classe de fanáticos, defendendo<br />

doutrinas absurdas e sediciosas, ultrajando a ordem e a decência, e levando a efeito a<br />

violência e a insurreição. Meno viu os terríveis resultados a que tal movimento conduziria<br />

inevitavelmente, e com tenacidade se opôs aos ensinos errôneos e ferozes planos dos<br />

fanáticos. Muitos havia, entretanto, que tinham sido transviados por esses fanáticos,<br />

renunciando, porém, posteriormente a suas perniciosas doutrinas; e restavam ainda<br />

muitos descendentes dos antigos cristãos, fruto dos ensinos valdenses. Entre essa classe<br />

Meno trabalhou com grande zelo e êxito.<br />

Durante vinte e cinco anos viajou, com a esposa e filhos, suportando grandes agruras<br />

e privações, e freqüentemente em perigo de vida. Atravessou os Países Baixos e a<br />

Alemanha do norte, trabalhando principalmente entre as classes mais humildes, mas<br />

exercendo vasta influência. Eloqüente por natureza, posto que possuísse limitada<br />

educação, era homem de integridade inabalável, espírito humilde e maneiras gentis, e de<br />

uma piedade sincera e fervorosa, exemplificando na própria vida os preceitos que<br />

ensinava, e recomendando-se à confiança do povo. Seus seguidores estavam esparsos e<br />

eram oprimidos. Sofriam grandemente por serem confundidos com os fanáticos adeptos<br />

de Münster. Não obstante, grande número se converteu pelos seus labores.<br />

Em parte alguma foram as doutrinas reformadas mais geralmente recebidas do que<br />

nos Países Baixos. Em poucos países suportaram seus adeptos mais terríveis<br />

perseguições. Na Alemanha, Carlos V havia condenado a Reforma, e com prazer teria<br />

levado à tortura todos os seus partidários; mas os príncipes mantiveram-se como uma<br />

barreira contra sua tirania. Nos Países Baixos seu poder foi maior, e editos perseguidores<br />

seguiam-se uns aos outros em rápida sucessão. Ler a Bíblia, ouvi-la ou pregá-la, ou<br />

mesmo falar a respeito dela, era incorrer na pena de morte pela tortura. Orar a Deus em<br />

secreto, deixar de curvar-se perante as imagens, ou cantar um salmo, eram também<br />

puníveis de morte. Mesmo os que renunciassem seus erros, eram condenados, sendo<br />

homens, a morrer pela espada; e sendo mulheres, a ser enterradas vivas. Milhares<br />

pereceram sob o reinado de Carlos e de Filipe II.<br />

Certa ocasião uma família inteira foi levada perante os inquisidores, acusada de não<br />

assistir à missa, e de fazer culto em casa. Ao serem examinados quanto às suas práticas

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