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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

jovem rei Ricardo II para o seu lado, obtiveram um decreto real sentenciando à prisão<br />

todos os que professassem as doutrinas condenadas. Wycliffe apelou do sínodo para o<br />

Parlamento; destemidamente acusou a hierarquia perante o conselho nacional e pediu<br />

uma reforma dos enormes abusos sancionados pela igreja. Com poder convincente,<br />

descreveu as usurpações e corrupções da sé papal. Seus inimigos ficaram confusos. Os<br />

que eram amigos de Wycliffe e o apoiavam, tinham sido obrigados a ceder, e houvera a<br />

confiante ex- pectativa de que o próprio reformador, em sua avançada idade, só e sem<br />

amigos, curvar-se-ia ante a autoridade combinada da coroa e da tiara. Mas, em vez disso,<br />

os adeptos de Roma viram-se derrotados. O Parlamento, despertado pelos estimuladores<br />

apelos de Wycliffe, repeliu o edito perseguidor e o reformador foi novamente posto em<br />

liberdade.<br />

Pela terceira vez foi ele chamado a julgamento, e agora perante o mais elevado<br />

tribunal eclesiástico do reino. Ali não se mostraria favor algum para com a heresia. Ali,<br />

finalmente, Roma triunfaria e a obra do reformador seria detida. Assim pensavam os<br />

romanistas. Se tão-somente cumprissem seu propósito, Wycliffe seria obrigado a<br />

renunciar suas doutrinas, ou sairia da corte diretamente para as chamas.<br />

Wycliffe, porém, não se retratou; não usou de dissimulação. Destemidamente<br />

sustentou seus ensinos e repeliu as acusações de seus perseguidores. Perdendo de vista a<br />

si próprio, sua posição e o momento, citou os ouvintes perante o tribunal divino, e pesou<br />

seus sofismas e enganos na balança da verdade eterna. Sentiu-se o poder do Espírito<br />

Santo na sala do concílio. Os ouvintes ficaram como que fascinados. Pareciam não ter<br />

forças para deixar o local. Como setas da aljava do Senhor, as palavras do reformador<br />

penetravam-lhes a alma. A acusação da heresia que contra ele haviam formulado, com<br />

poder convincente reverteu contra eles mesmos. Por que, perguntava ele, ousavam<br />

espalhar seus erros? Por amor do lucro, para da graça de Deus fazerem mercadoria?<br />

“Com quem”, disse finalmente, “julgais estar a contender? com um ancião às bordas<br />

da sepultura? Não! com a Verdade -Verdade que é mais forte do que vós, e vos vencerá.”<br />

-Wylie. Assim dizendo, retirou-se da assembléia e nenhum de seus adversários tentou<br />

impedi-lo. A obra de Wycliffe estava quase terminada; a bandeira da verdade que durante<br />

tanto tempo empunhara, logo lhe deveria cair da mão; mas, uma vez mais, deveria ele dar<br />

testemunho do evangelho. A verdade devia ser proclamada do próprio reduto do reino do<br />

erro. Wycliffe foi chamado a julgamento perante o tribunal papal em Roma, o qual tantas<br />

vezes derramara o sangue dos santos. Não ignorava o perigo que o ameaçava; contudo,<br />

teria <strong>ate</strong>ndido à chamada se um ataque de paralisia lhe não houvesse tornado impossível<br />

efetuar a viagem. Mas, se bem que sua voz não devesse ser ouvida em Roma, poderia<br />

falar por carta, e isto se decidiu a fazer. De sua reitoria o reformador escreveu ao papa<br />

uma carta que, conquanto respeitosa nas expressões e cristã no espírito, era incisiva<br />

censura à pompa e orgulho da sé papal.

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