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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Pilatos.” Os romanistas tornaram-se mais violentos. Um católico romano, fanático,<br />

declarou: “Os turcos são melhores que os luteranos; pois eles observam dias de jejum, e<br />

os luteranos os violam. Se tivéssemos de escolher entre as Escrituras Sagradas de Deus e<br />

os velhos erros da igreja, deveríamos rejeitar as primeiras.” Disse Melâncton: “Cada dia,<br />

em plena assembléia, Faber lança alguma nova pedra contra nós, os evangélicos.” -<br />

D’Aubigné.<br />

A tolerância religiosa fora legalmente estabelecida, e os Estados evangélicos estavam<br />

resolvidos a opor-se à violação de seus direitos. A Lutero, ainda sob a condenação<br />

imposta pelo edito de Worms, não era permitido estar presente em Espira; mas<br />

preencheram-lhe o lugar os seus cooperadores e os príncipes que Deus suscitara para<br />

defender Sua causa nessa emergência. O nobre Frederico da Saxônia, protetor de Lutero,<br />

fora arrebatado pela morte; mas o duque João, seu irmão e sucessor, alegremente aceitara<br />

a Reforma e, conquanto fosse amigo da paz, manifestara grande energia e coragem em<br />

todos os assuntos relativos aos interesses da fé.<br />

Os padres pediam que os Estados que haviam aceito a Reforma se submetessem<br />

implicitamente à jurisdição romana. Os reformadores, por outro lado, reclamavam a<br />

liberdade que anteriormente lhes fora concedida. Não poderiam consentir em que Roma<br />

de novo pusesse sob seu domínio aqueles Estados que com grande alegria haviam<br />

recebido a Palavra de Deus. Como entendimento foi finalmente proposto que onde a<br />

Reforma não se houvesse estabelecido, o edito de Worms deveria ser rigorosamente<br />

posto em execução; e que nos Estados “em que o povo dele se desviara e não poderia<br />

conformar-se com o mesmo sem perigo de revolta, não deveriam ao menos efetuar<br />

qualquer nova Reforma, não tocariam em nenhum ponto controvertido, não se oporiam à<br />

celebração da missa, não permitiriam que católico romano algum abraçasse o<br />

luteranismo.” -D’Aubigné. Essa medida foi aprovada na Dieta, com grande satisfação dos<br />

sacerdotes e prelados papais.<br />

Se esse edito fosse executado, “a Reforma não poderia nem estender-se... onde por<br />

enquanto era desconhecida, nem estabelecerse sobre sólidos fundamentos... onde já<br />

existia.” -D’Aubigné. A liberdade da palavra seria proibida. Não se permitiriam<br />

conversões. E exigiu-se dos amigos da Reforma de pronto se submetessem a essas<br />

restrições e proibições. As esperanças do mundo pareciam a ponto de se extinguir. “O<br />

restabelecimento da hierarquia romana... infalivelmente traria de novo os antigos<br />

abusos”; e encontrar-seia facilmente uma ocasião para “completar a destruição de uma<br />

obra já tão violentamente abalada” pelo fanatismo e dissensão. -D’Aubigné.<br />

Reunindo-se o partido evangélico para consulta, entreolharam-se os presentes, pálidos<br />

de terror. De um para outro circulava a pergunta: “Que se poderá fazer?” Graves lances<br />

em relação ao mundo eram iminentes. “Submeter-se-ão os chefes da Reforma, e aceitarão

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