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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Os escritos de Bengel têm sido espalhados por toda a cristandade. Suas idéias sobre<br />

profecias foram, de modo geral, recebidas em seu próprio Estado de Wuerttemberg, e até<br />

certo ponto em outras partes da Alemanha. O movimento continuou depois de sua morte,<br />

e a mensagem do advento ouviu-se na Alemanha ao mesmo tempo em que despertava a<br />

<strong>ate</strong>nção dos homens em outras terras. Logo no início alguns dos crentes foram à Rússia e<br />

ali formaram colônias; e a crença na próxima vinda de Cristo é ainda mantida pelas<br />

igrejas alemãs daquele país.<br />

A luz brilhou também na França e Suíça. Em Genebra, onde Farel e Calvino tinham<br />

propagado as verdades da reforma, Gaussen pregou a mensagem do segundo advento. Na<br />

escola, como estudante, Gaussen encontrou o espírito de racionalismo que invadiu a<br />

Europa toda durante a última parte do século XVIII e início do XIX; e, ao entrar para o<br />

ministério, não somente ignorava a verdadeira fé, mas se inclinava ao ceticismo. Em sua<br />

mocidade se interessara pelo estudo da profecia. Depois de ler a História Antiga de<br />

Rollin, sua <strong>ate</strong>nção foi despertada para o Capítulo 2 de Daniel, e surpreendeuse com a<br />

maravilhosa exatidão com que a profecia se cumprira, conforme se via no relato do<br />

historiador. Ali estava um testemunho da inspiração das Escrituras, que lhe serviu como<br />

âncora entre os perigos dos últimos anos. Não podia ficar satisfeito com os ensinos do<br />

racionalismo e, estudando a Bíblia e procurando luz mais clara, foi ele, depois de algum<br />

tempo, levado a uma fé positiva.<br />

Prosseguindo com as pesquisas sobre as profecias, chegou à crença de que a vinda do<br />

Senhor estava próxima. Impressionado com a solenidade e importância desta grande<br />

verdade, desejou levála ao povo; mas a crença popular de que as profecias de Daniel são<br />

mistérios e não podem ser compreendidas, foi-lhe sério obstáculo no caminho. Decidiu-se<br />

finalmente -como antes dele fizera Farel ao evangelizar Genebra -a começar o trabalho<br />

com as crianças, esperando, por meio delas, interessar os pais. “Desejo que seja<br />

compreendido” -disse ele mais tarde, falando de seu objetivo neste empreendimento -<br />

“que não é por considerá-lo de pequena importância, mas, ao contrário, por causa do seu<br />

grande valor, que desejei apresentá-lo desta maneira familiar, e que falei às crianças. Quis<br />

ser ouvido, e receei que não o seria se me dirigisse primeiramente às pessoas adultas.”<br />

“Decidi-me, portanto, a ir aos mais jovens. Arranjo um auditório de crianças; se ele<br />

aumenta e os ouvintes escutam com interesse e agrado, compreendem e explicam o<br />

assunto, estou certo de que terei logo uma segunda reunião, e os adultos, por sua vez, hão<br />

de ver também que vale a pena sentar-se e estudar. Feito isto, a causa está ganha.” -<br />

Daniel, o Profeta, de L.Gaussen, Prefácio.<br />

O esforço foi bem-sucedido. Ao falar às crianças, pessoas mais velhas vieram também<br />

para ouvir. As galerias da igreja ficavam repletas de ouvintes <strong>ate</strong>ntos. Entre esses havia<br />

homens de posição e saber, bem como desconhecidos e estrangeiros que visitavam<br />

Genebra; e assim a mensagem foi levada para outras partes.

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