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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

ínterim, o reformador, no silencioso retiro de sua paróquia de Lutterworth, estava<br />

trabalhando diligentemente para, dos papas contendores, dirigir os homens a Jesus, o<br />

Príncipe da paz.<br />

O cisma, com toda a contenda e corrupção que produziu, preparou o caminho para a<br />

Reforma, habilitando o povo a ver o que o papado realmente era. Num folheto que<br />

publicou -Sobre o Cisma dos Papas -Wycliffe apelou para o povo a fim de que<br />

considerasse se esses dois sacerdotes estavam a falar a verdade ao condenarem um ao<br />

outro como o anticristo. “Deus”, disse ele, “não mais quis consentir que o demônio<br />

reinasse em um único sacerdote tal, mas... fez divisão entre dois, de modo que os<br />

homens, em nome de Cristo, possam mais facilmente vencê-los a ambos.” -Vida e<br />

Opiniões de João Wycliffe, de Vaughan.<br />

Wycliffe, a exemplo de seu Mestre, pregou o evangelho aos pobres. Não contente<br />

com espalhar a luz nos lares humildes em sua própria paróquia de Lutterworth, concluiu<br />

que ela deveria ser levada a todas as partes da Ingl<strong>ate</strong>rra. Para realizar isto organizou um<br />

corpo de pregadores, homens simples e dedicados, que amavam a verdade e nada<br />

desejavam tanto como o propagá-la. Estes homens iam por toda parte, ensinando nas<br />

praças, nas ruas das grandes cidades e nos atalhos do interior. Procuravam os idosos, os<br />

doentes e os pobres, e desvendavam-lhes as alegres novas da graça de Deus.<br />

Como professor de teologia em Oxford, Wycliffe pregou a Palavra de Deus nos salões<br />

da universidade. Tão fielmente apresentava ele a verdade aos estudantes sob sua<br />

instrução, que recebeu o título de “Doutor do Evangelho”. Mas a maior obra da vida de<br />

Wycliffe deveria ser a tradução das Escrituras para a língua inglesa. Num livro -Sobre a<br />

Verdade e Sentido das Escrituras -exprimiu a intenção de traduzir a Bíblia, de maneira<br />

que todos na Ingl<strong>ate</strong>rra pudessem ler, na língua m<strong>ate</strong>rna, as maravilhosas obras de Deus.<br />

Subitamente, porém, interromperam-se as suas atividades. Posto que não tivesse ainda<br />

sessenta anos de idade, o trabalho incessante, o estudo e os assaltos dos inimigos haviam<br />

posto à prova suas forças, tornando-o prematuramente velho. Foi atacado de perigosa<br />

enfermidade. A notícia disto proporcionou grande alegria aos frades. Pensavam então que<br />

se arrependeria amargamente do mal que tinha feito à igreja e precipitaram-se ao seu<br />

quarto para ouvir-lhe a confissão. Representantes das quatro ordens religiosas, com<br />

quatro oficiais civis, reuniram-se em redor do suposto moribundo. “Tendes a morte em<br />

vossos lábios”, diziam; “comovei-vos com as vossas faltas, e retratai em nossa presença<br />

tudo que dissestes para ofensa nossa.” O reformador ouviu em silêncio; mandou então<br />

seu assistente levantálo no leito e, olhando fixamente para eles enquanto permaneciam<br />

esperando a retratação, naquela voz firme e forte que tantas vezes os havia feito tremer,<br />

disse: “Não hei de morrer, mas viver, e novamente denunciar as más ações dos frades.” -<br />

D’Aubigné. Espantados e confundidos, saíram os monges apressadamente do quarto.

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