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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

tua alma; e, acima de tudo, dá teu cuidado ao edifício espiritual. Sê piedoso e humilde<br />

para com os pobres; e não consumas teus haveres em festas. Se não corrigires tua vida e<br />

te refreares das superfluidades, temo que sejas severamente castigado, como eu próprio o<br />

sou. ... Conheces minha doutrina, pois recebeste minhas instruções desde tua meninice; é-<br />

me, portanto, desnecessário escrever-te mais a respeito. Mas conjuro-te, pela misericórdia<br />

de nosso Senhor, a não me imitares em nenhuma das vaidades em que me viste cair.” No<br />

invólucro da carta acrescentou: “Conjuro-te, meu amigo, a não abrires esta carta antes<br />

que tenhas a certeza de que estou morto.” -Bonnechose.<br />

Em sua viagem, Huss por toda parte observou indícios da disseminação de suas<br />

doutrinas e o favor com que era considerada sua causa. O povo aglomerava-se ao seu<br />

encontro, e em algumas cidades os magistrados o escoltavam pelas ruas. Chegado a<br />

Constança, concedeu-se a Huss plena liberdade. Ao salvo-conduto do imperador<br />

acrescentou-se uma garantia pessoal de proteção por parte do papa. Mas, com violação<br />

destas solenes e repetidas declarações, em pouco tempo o reformador foi preso, por<br />

ordem do papa e dos cardeais, e lançado em asquerosa masmorra. Mais tarde foi<br />

transferido para um castelo forte além do Reno e ali conservado prisioneiro. O papa,<br />

pouco lucrando com sua perfídia, foi logo depois entregue à mesma prisão. -Bonnechose.<br />

Provara-se perante o concílio ser ele réu dos mais baixos crimes, além de assassínio,<br />

simonia e adultério -“pecados que não convém mencionar.” Assim o próprio concílio<br />

declarou; e finalmente foi ele despojado da tiara e lançado na prisão. Os antipapas<br />

também foram depostos, sendo escolhido novo pontífice.<br />

Se bem que o próprio papa tivesse sido acusado de maiores crimes que os de que Huss<br />

denunciara os padres, e contra os quais exigira reforma, o mesmo concílio que rebaixou o<br />

pontífice tratou também de esmagar o reformador. O aprisionamento de Huss despertou<br />

grande indignação na Boêmia. Nobres poderosos dirigiram ao concílio protestos<br />

veementes contra o ultraje. O imperador, a quem repugnava permitir a violação de um<br />

salvo-conduto, opôs-se ao processo que lhe era movido. Mas os inimigos do reformador<br />

eram maus e decididos. Apelaram para os preconceitos do imperador, para os seus<br />

temores, seu zelo para com a igreja. Aduziram argumentos de grande extensão para<br />

provar que “não se deve dispensar fé aos hereges, tampouco a pessoas suspeitas de<br />

heresia, ainda que estejam munidas de salvo-conduto do imperador e reis.” -História do<br />

Concílio de Constança, de Lenfant. Assim, prevaleceram eles.<br />

Enfraquecido pela enfermidade e reclusão, pois que o ar úmido e impuro do<br />

calabouço lhe acarretara uma febre que quase o levara à sepultura, Huss foi finalmente<br />

conduzido perante o concílio. Carregado de cadeias, ficou em pé na presença do<br />

imperador, cuja honra e boa fé tinham sido empenhadas em defendê-lo. Durante o longo<br />

processo manteve firmemente a verdade, e na presença dos dignitários da Igreja e Estado,<br />

em assembléia, proferiu solene e fiel protesto contra as corrupções da hierarquia. Quando

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