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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

crer que todo dever religioso se resumia em reconhecer a supremacia do papa, adorar os<br />

santos e fazer donativos aos monges, e que isto era suficiente para lhes garantir lugar no<br />

Céu.<br />

Homens de saber e piedade haviam trabalhado em vão para efetuar uma reforma<br />

nessas ordens monásticas; Wycliffe, porém, com intuição mais clara, feriu o mal pela<br />

raiz, declarando que a própria organização era falsa e que deveria ser abolida.<br />

Despertavam-se discussões e indagações. Atravessando os monges o país, vendendo<br />

perdões do papa, muitos foram levados a duvidar da possibilidade de comprar perdão<br />

com dinheiro e suscitaram a questão se não deveriam antes buscar de Deus o perdão em<br />

vez de buscá-lo do pontífice de Roma. Não poucos se alarmavam com a capacidade dos<br />

frades, cuja avidez parecia nunca se satisfazer. “Os monges e sacerdotes de Roma”,<br />

diziam eles, “estão-nos comendo como um câncer. Deus nos deve livrar, ou o povo<br />

perecerá.” -D’Aubigné. Para encobrir sua avareza, pretendiam os monges mendicantes<br />

seguir o exemplo do Salvador, declarando que Jesus e Seus discípulos haviam sido<br />

sustentados pela caridade do povo. Esta pretensão resultou em prejuízo de sua causa, pois<br />

levou muitos à Escritura Sagrada, a fim de saberem por si mesmos a verdade -resultado<br />

que de todos os outros era o menos desejado de Roma. A mente dos homens foi dirigida à<br />

Fonte da verdade, que era o objetivo de Roma ocultar.<br />

Wycliffe começou a escrever e publicar folhetos contra os frades, porém não tanto<br />

procurando entrar em discussão com eles como despertando o espírito do povo aos<br />

ensinos da Bíblia e seu Autor. Ele declarava que o poder do perdão ou excomunhão não o<br />

possuía o papa em maior grau do que os sacerdotes comuns, e que ninguém pode ser<br />

verdadeiramente excomungado a menos que primeiro haja trazido sobre si a condenação<br />

de Deus. De nenhuma outra maneira mais eficaz poderia ele ter empreendido a demolição<br />

da gigantesca estrutura de domínio espiritual e temporal que o papa erigira, e em que<br />

alma e corpo de milhões se achavam retidos em cativeiro.<br />

De novo foi Wycliffe chamado para defender os direitos da coroa inglesa contra as<br />

usurpações de Roma; e, sendo designado embaixador real, passou dois anos na Holanda,<br />

em conferência com os emissários do papa. Ali entrou em contato com eclesiásticos da<br />

França, Itália e Espanha, e teve oportunidade de devassar os bastidores e informar-se de<br />

muitos fatos que lhe teriam permanecido ocultos na Ingl<strong>ate</strong>rra. Aprendeu muita coisa que<br />

o orientaria em seus trabalhos posteriores. Naqueles representantes da corte papal lia ele<br />

o verdadeiro caráter e objetivos da hierarquia. Voltou para a Ingl<strong>ate</strong>rra a fim de repetir<br />

mais abertamente e com maior zelo seus ensinos anteriores, declarando que a cobiça, o<br />

orgulho e o engano eram os deuses de Roma.<br />

Num de seus folhetos disse ele, falando do papa e seus coletores: “Retiram de nosso<br />

país os meios de subsistência dos pobres, e muitos milhares de marcos, anualmente, do

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