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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

espirituais que ela professa conferir. Na ocasião de um jubileu, foi à confissão, pagou as<br />

últimas poucas moedas de seus minguados recursos, e tomou parte nas procissões, a fim<br />

de poder participar da absolvição prometida. Depois de completar o curso colegial, entrou<br />

para o sacerdócio e, atingindo rapidamente à eminência, foi logo chamado à corte do rei.<br />

Tornou-se também professor e mais tarde reitor da Universidade em que recebera<br />

educação. Em poucos anos o humilde estudante, que de favor se educara, tornou-se o<br />

orgulho de seu país e seu nome teve fama em toda a Europa.<br />

Foi, porém, em outro campo que Huss começou a obra da reforma. Vários anos após<br />

haver recebido a ordenação sacerdotal, foi nomeado pregador da capela de Belém. O<br />

fundador desta capela defendera, como assunto de grande importância, a pregação das<br />

Escrituras na língua do povo. Apesar da oposição de Roma a esta prática, ela não se<br />

interrompeu completamente na Boêmia. Havia, porém, grande ignorância das Escrituras,<br />

e os piores vícios prevaleciam entre o povo de todas as classes. Estes males Huss<br />

denunciou largamente, apelando para a Palavra de Deus a fim de encarecer os princípios<br />

da verdade e pureza por ele pregados.<br />

Um cidadão de Praga, Jerônimo, que depois se tornou intimamente ligado a Huss,<br />

trouxera consigo, ao voltar da Ingl<strong>ate</strong>rra, os escritos de Wycliffe. A rainha da Ingl<strong>ate</strong>rra,<br />

que se convertera aos ensinos de Wycliffe, era uma princesa boêmia, e por sua influência<br />

as obras do reformador foram também amplamente divulgadas em seu país natal. Estas<br />

obras lera-as Huss com interesse; cria que seu autor era cristão sincero e inclinava-se a<br />

considerar favoravelmente as reformas que advogava. Huss, conquanto não o soubesse,<br />

entrara já em caminho que o levaria longe de Roma.<br />

Por esse tempo chegaram a Praga dois estrangeiros da Ingl<strong>ate</strong>rra, homens de saber,<br />

que tinham recebido a luz, e haviam chegado para espalhá-la naquela terra distante.<br />

Começando com um ataque aberto à supremacia do papa, foram logo pelas autoridades<br />

levados a silenciar; mas, não estando dispostos a abandonar seu propósito, recorreram a<br />

outras medidas. Sendo artistas, bem como pregadores, prosseguiam pondo em prática a<br />

sua habilidade. Em local franqueado ao público pintaram dois quadros. Um representava<br />

a entrada de Cristo em Jerusalém, “manso, e assentado sobre uma jumenta” (M<strong>ate</strong>us<br />

21:5), e seguido de Seus discípulos, descalços e com trajes gastos pelas viagens. O outro<br />

estampava uma procissão pontifical: o papa adornado com ricas vestes e tríplice coroa,<br />

montando cavalo, magnificamente adornado, precedido de trombeteiros, e seguido pelos<br />

cardeais e prelados em deslumbrante pompa.<br />

Ali estava um sermão que prendeu a <strong>ate</strong>nção de todas as classes. Multidões vieram<br />

contemplar os desenhos. Ninguém deixara de compreender a moral, e muitos ficaram<br />

profundamente impressionados pelo contraste entre a mansidão e humildade de Cristo, o<br />

Mestre, e o orgulho e arrogância do papa, Seu servo professo. Houve grande comoção em

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