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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Praga, e os estrangeiros, depois de algum tempo, acharam necessário partir, para sua<br />

própria segurança. Mas a lição que haviam ensinado não ficou esquecida. Os quadros<br />

causaram profunda impressão no espírito de Huss, levando-o a um estudo mais acurado<br />

da Bíblia e dos escritos de Wycliffe. Embora ainda não estivesse preparado para aceitar<br />

todas as reformas defendidas por Wycliffe, via mais claramente o verdadeiro caráter do<br />

papado, e com maior zelo denunciava o orgulho, a ambição e corrupção da hierarquia.<br />

Da Boêmia a luz estendeu-se à Alemanha, pois perturbações havidas na Universidade<br />

de Praga determinaram a retirada de centenas de estudantes alemães. Muitos deles tinham<br />

recebido de Huss seu primeiro conhecimento da Escritura Sagrada e, ao voltarem,<br />

espalharam o evangelho em sua pátria. Notícias da obra em Praga foram levadas a Roma,<br />

e Huss foi logo chamado a comparecer perante o papa. Obedecer seria expor-se à morte<br />

certa. O rei e a rainha da Boêmia, a Universidade, membros da nobreza e oficiais do<br />

governo, uniram-se num apelo ao pontífice para que fosse permitido a Huss permanecer<br />

em Praga e responder a Roma por meio de delegação. Em vez de <strong>ate</strong>nder a este pedido, o<br />

papa procedeu ao processo e condenação de Huss, declarando então achar-se interditada a<br />

cidade de Praga.<br />

Naquela época, esta sentença, quando quer que fosse pronunciada, despertava geral<br />

alarma. As cerimônias que a acompanhavam, eram de molde a encher de terror ao povo<br />

que considerava o papa como representante do próprio Deus, tendo as chaves do Céu e do<br />

inferno, e possuindo poder para invocar juízos temporais bem como espirituais.<br />

Acreditava-se que as portas do Céu se fechavam contra a região atingida pelo interdito;<br />

que,até que o papa fosse servido remover a excomunhão, os mortos eram excluídos das<br />

moradas da bemaventurança. Como sinal desta terrível calamidade, suspendiam-se todos<br />

os cultos. As igrejas foram fechadas. Celebravam-se os casamentos no pátio da igreja. Os<br />

mortos, negando-se-lhes sepultamento em terreno consagrado, eram, sem os ritos<br />

fúnebres, inumados em fossos ou no campo. Assim, por meio de medidas que apelavam<br />

para a imaginação, Roma buscava dirigir a consciência dos homens.<br />

A cidade de Praga encheu-se de tumulto. Uma classe numerosa denunciou Huss como<br />

a causa de todas as suas calamidades, e rogaram fosse ele entregue à vingança de Roma.<br />

Para acalmar a tempestade, o reformador retirou-se por algum tempo à sua aldeia natal.<br />

Escrevendo aos amigos que deixara em Praga, disse: “Se me retirei do meio de vós, foi<br />

para seguir o preceito e exemplo de Jesus Cristo, a fim de não dar lugar aos malintencionados<br />

para atraírem sobre si a condenação eterna, e a fim de não ser para os<br />

piedosos causa de aflição e perseguição. Retirei-me também pelo receio de que os<br />

sacerdotes ímpios pudessem continuar por mais tempo a proibir a pregação da Palavra de<br />

Deus entre vós; mas não vos deixei para negar a verdade divina, pela qual, com o auxílio<br />

de Deus, estou disposto a morrer.” -Os Reformadores Antes da Reforma, de Bonnechose.<br />

Huss não cessou seus labores, mas viajou pelo território circunjacente, pregando a ávidas

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