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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

discípulos de Jesus que se arrojavam nas masmorras e arrastavam à tortura. Havia muito<br />

tempo que esses tinham perecido, ou sido expulsos para o exílio. Roma, sentia agora o<br />

poder mortífero daqueles a quem havia ensinado a deleitar-se nas práticas sanguinárias.<br />

“O exemplo de perseguição que o clero da França por tantos séculos dera abertamente,<br />

achava-se agora revertido contra ele mesmo com assinalado vigor. Os cadafalsos estavam<br />

tintos do sangue dos sacerdotes. As galés e prisões, que em outro tempo se povoaram de<br />

huguenotes, estavam agora repletas de seus perseguidores. Acorrentados ao banco ou<br />

labutando com os remos, o clero católico romano experimentou todas as desgraças que<br />

sua igreja tão livremente infligira aos benignos hereges.”<br />

“Vieram então os dias em que o mais bárbaro dos códigos foi posto em vigor pelo<br />

mais bárbaro dos tribunais; em que ninguém poderia saudar os vizinhos ou fazer orações<br />

... sem perigo de cometer um crime capital; em que espias se emboscavam de todos os<br />

lados; em que todas as manhãs a guilhotina funcionava em trabalho rápido e prolongado;<br />

em que as cadeias estavam tão cheias como um porão de navio de escravos; em que, nas<br />

sarjetas, o sangue corria espumante para o Sena. ... Enquanto diariamente carradas de<br />

vítimas eram levadas ao seu destino através das ruas de Paris, os procônsules, a quem a<br />

comissão soberana enviara aos departamentos, recreavam-se extravagantemente com<br />

crueldade desconhecida mesmo na capital. O cutelo da máquina mortífera levantava-se<br />

demasiado vagarosamente para a obra de morticínio. Longas fileiras de prisioneiros eram<br />

ceifadas a metralha. Faziam-se rombos no fundo dos barcos repletos.<br />

Lyon se tornou um deserto. Em Arras, mesmo a cruel misericórdia de uma morte<br />

rápida era negada aos prisioneiros. Por toda a extensão do Loire de Saumur até à<br />

desembocadura no oceano, grandes bandos de corvos e milhanos banqueteavam-se nos<br />

cadáveres nus, juntamente irmanados em hediondos abraços. Não se mostrava<br />

misericórdia a sexo ou idade. O número de moços e moças de dezessete anos que foram<br />

assassinados por aquele governo execrável, deve ser computado às centenas. Criancinhas<br />

arrancadas dos seios eram arrojadas, de chuço em chuço, ao longo das fileiras jacobinas.”<br />

No curto espaço de dez anos, pereceram multidões de criaturas humanas.<br />

Tudo isto foi como Satanás queria. Durante séculos se empenhara por consegui-lo.<br />

Sua política é o engano desde o princípio até ao fim, e seu propósito fixo é acarretar a<br />

desgraça e a miséria aos homens, desfigurar e aviltar a obra de Deus, desvirtuar os<br />

propósitos divinos de benevolência e amor, ocasionando assim o pesar no Céu. Então, por<br />

suas artes ilusórias, cega o espírito dos homens, induzindo-os a responsabilizar a Deus<br />

pelos males de sua obra, como se toda essa miséria fosse resultado do plano do Criador.<br />

De igual modo, quando os que foram degradados e embrutecidos pelo seu poder cruel<br />

alcançam a liberdade, ele os compele a excessos e atrocidades. Então este quadro de<br />

desenfreada licenciosidade é apontado pelos tiranos e opressores como ilustração dos<br />

resultados da liberdade. Quando é descoberto o erro sob um aspecto, Satanás apenas o

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