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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Cumpriram-se as palavras de Wycliffe. Viveu a fim de colocar nas mãos de seus<br />

compatriotas a mais poderosa de todas as armas contra Roma, isto é, dar-lhes a Escritura<br />

Sagrada, o meio indicado pelo Céu para libertar, esclarecer e evangelizar o povo. Muitos<br />

e grandes obstáculos havia a vencer na realização dessa obra. Wycliffe achava-se<br />

sobrecarregado de enfermidades; sabia que apenas poucos anos lhe restavam para o<br />

trabalho; via a oposição que teria de enfrentar; mas, animado pelas promessas da Palavra<br />

de Deus, foi avante sem intimidar-se de coisa alguma. Quando em pleno vigor de suas<br />

capacidades intelectuais, rico em experiências, foi ele preservado e preparado por<br />

especial providência de Deus para esse trabalho -o maior por ele realizado. Enquanto a<br />

cristandade se envolvia em tumultos, o reformador em sua reitoria de Lutterworth, alheio<br />

à tempestade que fora esbravejava, dedicava-se à tarefa que escolhera.<br />

Concluiu-se, por fim, o trabalho: a primeira tradução inglesa que já se fizera da<br />

Escritura Sagrada. A Palavra de Deus estava aberta para a Ingl<strong>ate</strong>rra. O reformador não<br />

temia agora prisão ou fogueira. Colocara nas mãos do povo inglês uma luz que jamais se<br />

extinguiria. Dando a Bíblia aos seus compatriotas, fizera mais no sentido de quebrar os<br />

grilhões da ignorância e do vício, mais para libertar e enobrecer seu país, do que já se<br />

conseguira pelas mais brilhantes vitórias nos campos de batalha. Sendo ainda<br />

desconhecida a arte de imprimir, era unicamente por trabalho moroso e fatigante que se<br />

podiam multiplicar os exemplares da Escritura Sagrada. Tão grande era o interesse por se<br />

obter o Livro, que muitos voluntariamente se empenharam na obra de o transcrever; mas<br />

era com dificuldade que os copistas podiam <strong>ate</strong>nder aos pedidos. Alguns dos mais ricos<br />

compradores desejavam a Bíblia toda. Outros compravam apenas parte. Em muitos casos<br />

várias famílias se uniam para comprar um exemplar. Assim, a Bíblia de Wycliffe logo<br />

teve acesso aos lares do povo.<br />

O apelo para a razão despertou os homens de sua submissão passiva aos dogmas<br />

papais. Wycliffe ensinava agora doutrinas distintivas do protestantismo: salvação pela fé<br />

em Cristo, e a infalibilidade das Escrituras unicamente. Os pregadores que enviara<br />

disseminaram a Bíblia, juntamente com os escritos do reformador, e com êxito tal que a<br />

nova fé foi aceita por quase metade do povo da Ingl<strong>ate</strong>rra. O aparecimento das Escrituras<br />

produziu estupefação às autoridades da igreja. Tinham agora de enfrentar um fator mais<br />

poderoso do que Wycliffe, fator contra o qual suas armas pouco valeriam. Não havia<br />

nesta ocasião na Ingl<strong>ate</strong>rra lei alguma proibindo a Bíblia, pois nunca dantes fora ela<br />

publicada na língua do povo. Semelhantes leis foram depois feitas e rigorosamente<br />

executadas. Entretanto, apesar dos esforços dos padres, houve durante algum tempo<br />

oportunidade para a circulação da Palavra de Deus.<br />

Novamente os chefes papais conspiraram para fazer silenciar a voz do reformador.<br />

Perante três tribunais foi ele sucessivamente chamado a juízo, mas sem proveito.<br />

Primeiramente um sínodo de bispos declarou heréticos os seus escritos e, ganhando o

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