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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

destas igrejas reconheceram relutantemente a supremacia do poder a que o mundo todo<br />

parecia render homenagem. Alguns houve, entretanto, que se recusaram a ceder à<br />

autoridade do papa ou do prelado. Estavam decididos a manter sua fidelidade a Deus, e<br />

preservar a pureza e simplicidade de fé. Houve separação. Os que se apegaram à antiga<br />

fé, retiraramse; alguns, abandonando os Alpes nativos, alçaram a bandeira da verdade em<br />

terras estrangeiras; outros se retraíram para os vales afastados e fortalezas das montanhas,<br />

e ali preservaram a liberdade de culto a Deus.<br />

A fé que durante muitos séculos fora mantida e ensinada pelos cristãos valdenses,<br />

estava em assinalado contraste com as falsas doutrinas que Roma apresentava. Sua crença<br />

religiosa baseava-se na Palavra escrita de Deus -o verdadeiro documento religioso do<br />

cristianismo. Mas aqueles humildes camponeses, em seu obscuro retiro, excluídos do<br />

mundo e presos à labuta diária entre seus rebanhos e vinhedos, não haviam por si sós<br />

chegado à verdade em oposição aos dogmas e heresias da igreja apóstata. A fé que<br />

professavam não era nova. Sua crença religiosa era a herança de seus pais. Lutavam pela<br />

fé da igreja apostólica -a “fé que uma vez foi dada aos santos.” Judas 3. “A igreja no<br />

deserto” e não a orgulhosa hierarquia entronizada na grande capital do mundo, era a<br />

verdadeira igreja de Cristo, a depositária dos tesouros da verdade que Deus confiara a<br />

Seu povo para ser dada ao mundo.<br />

Entre as principais causas que levaram a igreja verdadeira a separar-se da de Roma,<br />

estava o ódio desta ao sábado bíblico. Conforme fora predito pela profecia, o poder papal<br />

lançou a verdade por terra. A lei de Deus foi lançada ao pó, enquanto se exaltavam as<br />

tradições e costumes dos homens. As igrejas que estavam sob o governo do papado,<br />

foram logo compelidas a honrar o domingo como dia santo. No meio do erro e<br />

superstição que prevaleciam, muitos, mesmo dentre o verdadeiro povo de Deus, ficaram<br />

tão desorientados que ao mesmo tempo em que observavam o sábado, abstinham-se do<br />

trabalho também no domingo. Isto, porém, não satisfazia aos chefes papais. Exigiam não<br />

somente que fosse santificado o domingo, mas que o sábado fosse profanado; e com a<br />

mais violenta linguagem denunciavam os que ousavam honrá-lo. Era unicamente fugindo<br />

ao poder de Roma que alguém poderia em paz obedecer à lei de Deus.<br />

Os valdenses foram os primeiros dentre os povos da Europa a obter a tradução das<br />

Sagradas Escrituras. Centenas de anos antes da Reforma, possuíam a Bíblia em<br />

manuscrito, na língua m<strong>ate</strong>rna. Tinham a verdade incontaminada, e isto os tornava objeto<br />

especial do ódio e perseguição. Declaravam ser a Igreja de Roma a Babilônia apóstata do<br />

Apocalipse, e com perigo de vida erguiam-se para resistir a suas corrupções. Opressos<br />

pela prolongada perseguição, alguns comprometeram sua fé, cedendo pouco a pouco em<br />

seus princípios distintivos, enquanto outros sustentavam firme a verdade. Durante séculos<br />

de trevas e apostasia, houve alguns dentre os valdenses que negavam a supremacia de<br />

Roma, rejeitavam o culto às imagens como idolatria e guardavam o verdadeiro sábado.

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