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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Todo momento que podia poupar de seus deveres diários empregava-o no estudo,<br />

furtando-se ao sono e cedendo mesmo a contragosto o tempo empregado em suas<br />

escassas refeições. Acima de tudo se deleitava no estudo da Palavra de Deus. Achara uma<br />

Bíblia acorrentada à parede do convento, e a ela muitas vezes recorria. Aprofundando-se<br />

suas convicções de pecado, procurou pelas próprias obras obter perdão e paz. Levava<br />

vida austera, esforçando-se por meio de jejuns, vigílias e penitências para subjugar os<br />

males de sua natureza, dos quais a vida monástica não o libertava. Não recuava ante<br />

sacrifício algum pelo qual pudesse atingir a pureza de coração que o habilitaria a ficar<br />

aprovado perante Deus. “Eu era na verdade um monge piedoso”, disse, mais tarde, “e<br />

seguia as regras de minha ordem mais estritamente do que possa exprimir. Se fora<br />

possível a um monge obter o Céu por suas obras monásticas, eu teria certamente direito a<br />

ele. ... Se eu tivesse continuado por mais tempo, teria levado minhas mortificações até à<br />

própria morte.” -D’Aubigné. Como resultado desta dolorosa disciplina, perdeu as forças e<br />

sofreu de desmaios, de cujos efeitos nunca se restabeleceu por completo. Mas com todos<br />

os seus esforços, a alma sobrecarregada não encontrou alívio. Finalmente foi arrojado às<br />

bordas do desespero.<br />

Quando pareceu a Lutero que tudo estava perdido, Deus lhe suscitou um amigo e<br />

auxiliador. O piedoso Staupitz abriu a Palavra de Deus ao espírito de Lutero, mandandolhe<br />

que não mais olhasse para si mesmo, que cessasse a contemplação do castigo infinito<br />

pela violação da lei de Deus, e olhasse a Jesus, seu Salvador que perdoa os pecados. “Em<br />

vez de torturar-te por causa de teus pecados, lança-te nos braços do Redentor. Confia<br />

nEle, na justiça de Sua vida, na expiação de Sua morte. ... Escuta ao Filho de Deus. Ele<br />

Se fez homem para te dar a certeza do favor divino.” “Ama Aquele que primeiro te<br />

amou.” -D’Aubigné. Assim falava aquele mensageiro da misericórdia. Suas palavras<br />

produziram profunda impressão no espírito de Lutero. Depois de muita luta contra erros,<br />

longamente acalentados, pôde ele aprender a verdade e lhe veio paz à alma perturbada.<br />

Lutero foi ordenado sacerdote, sendo chamado do claustro para o cargo de professor<br />

da Universidade de Wittenberg. Ali se aplicou ao estudo das Escrituras nas línguas<br />

originais. Começou a fazer conferências sobre a Bíblia; e o livro dos Salmos, os<br />

Evangelhos e as Epístolas abriram-se à compreensão de multidões que se deleitavam em<br />

ouvi-lo. Staupitz, seu amigo e superior, insistia com ele para que subisse ao púlpito e<br />

pregasse a Palavra de Deus. Lutero hesitava, sentindo-se indigno de falar ao povo em<br />

lugar de Cristo. Foi apenas depois de longa luta que cedeu às solicitações dos amigos. Era<br />

já poderoso nas Escrituras, e sobre ele repousava a graça de Deus. Sua eloqüência<br />

cativava os ouvintes, a clareza e poder com que apresentava a verdade levavam-nos à<br />

convicção, e seu fervor tocava os corações.<br />

Lutero ainda era um verdadeiro filho da igreja papal, e não tinha idéia alguma de que<br />

houvesse de ser alguma outra coisa. Na providência de Deus foi levado a visitar Roma.

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