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Da Extinção dos Contratos - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

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é tratada como elemento subjetivo ou psicológico <strong>do</strong> ilícito, razão <strong>de</strong><br />

um juízo moral <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> sujeito. 3<br />

Note-se, portanto, que a noção <strong>de</strong> culpa psicológica reúne <strong>do</strong>is<br />

elementos essenciais, a saber: (i) a violação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ver preexistente,<br />

resulta<strong>do</strong> da manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> livre e consciente <strong>do</strong> agente; e<br />

(ii) a previsibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> danoso, “pressuposto lógico e psicológico<br />

<strong>de</strong> sua evitação”. 4 Ressalte-se que a concepção subjetiva da<br />

culpa, ao exigir o elemento vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> agente na violação <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><br />

conduta – expresso pelo <strong>do</strong>lo ou pela culpa, pouco importa –, impe<strong>de</strong><br />

que haja valoração gradual <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />

grau <strong>de</strong> culpa. Desta feita, a culpa levíssima, leve ou grave gerariam<br />

igual <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> reparar o dano, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que tertius non datur: ou<br />

bem se está diante <strong>de</strong> violação <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> conduta, e aí verifica-se a<br />

culpa (in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> grau), impon<strong>do</strong>-se o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> reparar o<br />

dano, ou não se está diante da violação da norma e, portanto, não há<br />

que se falar em culpa e, por conseguinte, em <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> reparar. 5<br />

Além disso, tradicionalmente, aqui e alhures, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

culpa em senti<strong>do</strong> estrito traduz-se nos conceitos <strong>de</strong> negligência, imprudência<br />

e imperícia. Assim, afirma-se que a negligência consiste na<br />

“omissão daquilo que razoavelmente se faz, ajustadas as condições<br />

emergentes às consi<strong>de</strong>rações que regem a conduta normal <strong><strong>do</strong>s</strong> negócios<br />

humanos. É a inobservância das normas que nos or<strong>de</strong>nam operar com<br />

atenção, capacida<strong>de</strong>, solicitu<strong>de</strong> e discernimento”. A imprudência, por<br />

sua vez, correspon<strong>de</strong> à “precipitação no procedimento inconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>,<br />

sem cautela, em contradição com as normas <strong>do</strong> procedimento sensato.<br />

É a afoiteza <strong>do</strong> agir, o <strong>de</strong>sprezo das cautelas que <strong>de</strong>vemos tomar em<br />

nossos atos”. E, por fim, a imperícia consubstancia-se, originariamente,<br />

na “falta <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>”. 6 Como se vê, tais conceitos, a que ordinariamente<br />

se remete a noção <strong>de</strong> culpa em senti<strong>do</strong> estrito, revelam o caráter<br />

moral ou psicológico atribuí<strong>do</strong>, no mais das vezes, à culpa.<br />

3 “Alla nozione soggettiva continua tuttavia a fare riferimento una larga parte <strong>de</strong>lla <strong>do</strong>ttrina privatistica, che<br />

<strong>de</strong>finisce la colpa come l’elemento soggettivo o psicologico <strong>de</strong>ll’illecito, ragione di un giudizio morale di<br />

condanna <strong>de</strong>l soggetto” (BIANCA, Massima. Diritto civile, v. 5. Milão: Dott. A. Giuffrè, 1994. p. 576).<br />

4 MORAES, Maria Celina Bodin <strong>de</strong>. <strong>Da</strong>nos à pessoa humana: uma leitura civil-constitucional <strong><strong>do</strong>s</strong> danos<br />

morais, Rio <strong>de</strong> Janeiro: Renovar, 2003, p. 210.<br />

5 MORAES, Maria Celina Bodin <strong>de</strong>. <strong>Da</strong>nos à pessoa humana: uma leitura civil-constitucional <strong><strong>do</strong>s</strong> danos<br />

morais, cit. p. 210.<br />

6 DIAS, José <strong>de</strong> Aguiar. <strong>Da</strong> responsabilida<strong>de</strong> civil.11. ed. rev. e atual. por Rui Berford Dias. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Renovar, 2006, p. 149.<br />

228 Revista da EMERJ, v. 11, nº 42, 2008

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