11.06.2013 Views

Da Extinção dos Contratos - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Da Extinção dos Contratos - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Da Extinção dos Contratos - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

moral ou material, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>-se, ao revés, <strong>de</strong>slocar o foco <strong>de</strong> atenção da<br />

natureza <strong>do</strong> dano sofri<strong>do</strong> pela vítima para o grau <strong>de</strong> culpa <strong>do</strong> agente<br />

(li<strong>do</strong> à luz da concepção normativa da culpa) e para a proporção <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

danos por ele provoca<strong><strong>do</strong>s</strong> a partir <strong>de</strong> sua conduta.<br />

Se, por um la<strong>do</strong>, o standard <strong>de</strong> conduta a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> normalmente<br />

pelo homem diligentíssimo revela-se inexigível <strong>do</strong> homem médio no<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada ativida<strong>de</strong>, exoneran<strong>do</strong>-o, via <strong>de</strong> regra, da<br />

responsabilização pelos danos causa<strong><strong>do</strong>s</strong>, por outro la<strong>do</strong>, esta solução<br />

afigurar-se-ia sobremaneira injusta se, diante <strong><strong>do</strong>s</strong> danos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

proporções provoca<strong><strong>do</strong>s</strong> pela violação <strong>de</strong>sta mesma regra <strong>de</strong> conduta,<br />

o agente ficasse isento <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. <strong>Da</strong>í o senti<strong>do</strong> da norma<br />

que, excepcionan<strong>do</strong> a regra <strong>de</strong> que a culpa levíssima não importa reparação,<br />

permite o ressarcimento <strong><strong>do</strong>s</strong> danos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções, e,<br />

ao la<strong>do</strong> disso, atribui ao juiz a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir a in<strong>de</strong>nização.<br />

De mais a mais, se é injusto que aquele que agiu com culpa levíssima<br />

e provocou danos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções não seja responsabiliza<strong>do</strong>,<br />

mostra-se igualmente injusto, em <strong>de</strong>termina<strong><strong>do</strong>s</strong> casos, que o agente<br />

ressarça integralmente a vítima, já que a conduta por ele não observada<br />

é inexigível <strong>do</strong> homem médio. Eis a ratio <strong>do</strong> dispositivo que conce<strong>de</strong> ao<br />

juiz a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir eqüitativamente a in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong>vida pelo<br />

ofensor à vítima na hipótese em que age com culpa levíssima e, a partir da<br />

inobservância da regra <strong>de</strong> conduta, acarrete danos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta, buscan<strong>do</strong><br />

o ponto <strong>de</strong> equilíbrio entre os interesses <strong>do</strong> ofensor e da vítima.<br />

Lida <strong>de</strong>sta forma, a norma corrobora a idéia <strong>de</strong> que a culpa<br />

levíssima, em regra, não impõe a reparação, vez que o standard <strong>de</strong><br />

conduta a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo homem diligentíssimo revela-se inexigível da<br />

generalida<strong>de</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> homens. Tanto é assim que o legisla<strong>do</strong>r, com o intuito<br />

<strong>de</strong> evitar injustiças, previu hipótese excepcional em que a culpa<br />

levíssima po<strong>de</strong> acarretar a responsabilização <strong>do</strong> agente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

se verifiquem danos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta, conferin<strong>do</strong> ao magistra<strong>do</strong> a<br />

faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir a in<strong>de</strong>nização.<br />

economizou a vida toda para garantir a velhice, po<strong>de</strong>, por uma leve distração, uma ponta <strong>de</strong> cigarro atirada<br />

ao acaso, vir a per<strong>de</strong>r tu<strong>do</strong> o que tem, se tiver da<strong>do</strong> origem a um incêndio. E não só ele per<strong>de</strong>, mas toda a<br />

família. Notam os autores que acontecimentos trazem em si uma <strong><strong>do</strong>s</strong>e <strong>de</strong> fatalida<strong>de</strong>. Dir-se-á que a vítima<br />

per<strong>de</strong>; mas per<strong>de</strong>ria igualmente, sem ter a quem recorrer, se a fatalida<strong>de</strong> fosse outra: um raio ou obra <strong>de</strong> um<br />

malfeitor <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>. E a fatalida<strong>de</strong> está em que a distração é uma lei inexorável, à qual nunca ninguém<br />

se furtou” (ALVIM, Agostinho. “Direito das obrigações: exposição <strong>de</strong> motivos”. In: Revista <strong>do</strong> Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Advoga<strong><strong>do</strong>s</strong> Brasileiros. Rio <strong>de</strong> Janeiro, ano IV, n. 24, p. 101-102).<br />

Revista da EMERJ, v. 11, nº 42, 2008<br />

245

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!