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Da Extinção dos Contratos - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

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pru<strong>de</strong>nte e circunspecto. 15 Nos or<strong>de</strong>namentos romano-germânicos,<br />

refere-se, comumente, à noção <strong>de</strong> bonus pater familias, a qual correspon<strong>de</strong>,<br />

nas famílias anglo-saxãs, ao reasonable man.<br />

Na apreciação da culpa in abstracto – repita-se ainda uma vez –,<br />

não se consi<strong>de</strong>ram as disposições especiais <strong>do</strong> autor <strong>do</strong> ato, o seu grau<br />

<strong>de</strong> compreensão das coisas, seus meios ou possibilida<strong>de</strong>s individuais,<br />

mas compara-se a sua conduta com a <strong>do</strong> homem abstratamente diligente,<br />

pru<strong>de</strong>nte e circunspecto, sem aferir a sua educação, instrução ou<br />

aptidões pessoais. 16 Nesta direção, afirma-se que o indivíduo <strong>de</strong>ve ser<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> culpa<strong>do</strong> ainda que “tenha feito o seu melhor para evitar<br />

o dano”, isto é, mesmo que não tenha a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir como o<br />

homem <strong>de</strong> diligência média naquelas circunstâncias <strong>do</strong> caso concreto.<br />

17 Contu<strong>do</strong>, não se <strong>de</strong>sprezam, por completo, as circunstâncias <strong>de</strong><br />

tempo, lugar, usos, costumes e hábitos sociais, ten<strong>do</strong> em vista que o<br />

homem médio se insere nas mesmas condições externas <strong>do</strong> autor <strong>do</strong><br />

ato, ou seja, diante <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> concreta. 18<br />

Em síntese, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a concepção normativa da culpa,<br />

para se verificar se o agente agiu culposamente, <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r a<br />

um juízo normativo entre a sua conduta e a <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo abstrato <strong>de</strong><br />

comportamento, abstrain<strong>do</strong>-se das circunstâncias internas <strong>do</strong> agente,<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m intelectual, e aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> apenas às circunstâncias externas,<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m física, presentes no momento da prática <strong>do</strong> ato. Assim,<br />

avalia-se o comportamento <strong>do</strong> agente <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o que se espera<br />

15 DE PAGE, Henri. Traité élémentaire <strong>de</strong> droit civil belge. 12. ed. Bruxelles : Établissements Émile Bruylant,<br />

t. 2, 1948, p. 887-888. Ressalta o autor, ainda, que, na apreciação da culpa in abstracto, <strong>de</strong>ve-se levar em<br />

conta certas circunstâncias objetivamente concretas, <strong>de</strong>nominadas externas, como tempo, lugar, classe social,<br />

os usos etc. Confira-se: “Forcément, le type <strong>de</strong> comparaison ne pourra pás être un homo juridicus, une pure<br />

abstraction. Il serait irréel, et par conséquent, absur<strong>de</strong>. On <strong>do</strong>it <strong>do</strong>nc nécessairement tenir compte <strong>de</strong> certaines<br />

circonstances concrètes, mais objectivement concrètes, tels les circonstances <strong>de</strong> temps, <strong>de</strong> milieu, la classe<br />

sociale, les usages, les mœurs, les habitu<strong>de</strong>s sociales, etc… C’est ce qu’on a appelé les circonstances externes,<br />

pour les opposer aux circonstances ‘internes’ ou subjectives” (p. 888).<br />

16 LIMA, Alvino. Culpa e risco, cit. p. 58.<br />

17 “Il soggetto che tiene un comportamento non conforme ai canoni obiettivi <strong>de</strong>lla diligenza è in colpa anche se<br />

abbia fatto <strong>de</strong>l suo meglio per evitare il danno, senza riuscirvi a causa <strong>de</strong>lla sua inettitudine personale (imperizia,<br />

mancanza <strong>de</strong>l normale gra<strong>do</strong> di intelligenza, età avanzata, ecc.) od economica” (BIANCA, Massimo. Diritto<br />

civile, cit. p. 157). No mesmo senti<strong>do</strong>, na common law, exemplifica Patrick ATIYAH que “(...) although the<br />

law only requires reasonable care, it is no <strong>de</strong>fence for a driver to say that he was <strong>do</strong>ing the best. His best may<br />

simply not be good enough. Drivers <strong>do</strong> not have to display the abilities and skill of a <strong>Da</strong>mon Hill or a Michael<br />

Schumacher, but they must display the abilities of the ordinary reasonably careful driver. And a driver who is<br />

simply unable to <strong>do</strong> this, because he just is a bad driver, or even because he has a physical disability, will be<br />

guilty of negligence just the same” (The <strong>Da</strong>mages Lottery. Oxford: Hart, 1997, p. 5).<br />

18 Esta é a constatação <strong>de</strong> LIMA, Alvino. Culpa e risco, cit. p. 60.<br />

Revista da EMERJ, v. 11, nº 42, 2008<br />

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