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A Gramatica para Concursos - Fernando Pestana

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Definição<br />

Infelizmente, ainda, alguns brasileiros insistem em dizer <strong>para</strong> outros: “Para de falar assim,<br />

cara; você fala muito errado!” Interessante seria se o outro dissesse: “Meu amigo, então seja<br />

coerente com o seu pedido!”<br />

Leitor, se você não entendeu a péssima piada, foi devido ao não conhecimento ou à não<br />

lembrança de um princípio chamado “uniformidade de tratamento”, que trata do uso da mesma<br />

forma de tratamento do início ao fim do discurso. Além disso, note que houve o uso de gíria,<br />

típico de linguagem coloquial, ou seja, de uma linguagem que não se pauta nas regras<br />

gramaticais.<br />

Os brasileiros preconceituosos – do ponto de vista linguístico – acham que todos deveriam<br />

usar o “português correto”, respeitando todas as prescrições gramaticais (e sem gírias!). O<br />

problema é que pessoas assim exigem algo que não conseguem fazer, ou seja, o personagem<br />

linguisticamente preconceituoso (<strong>para</strong> ser coerente com o modo de usar a língua que ele<br />

privilegia, a forma culta) deveria ter falado assim: “Para de falar assim, cara; tu falas muito<br />

errado!”. Aí, sim, ele teria respeitado o princípio da modalidade culta da língua (a<br />

uniformidade de tratamento) e sido coerente com o pedido inicial dele. Afinal, se ele começou<br />

o discurso usando uma forma de 2 a pessoa (Para – tu), deveria tê-la mantido até o fim de seu<br />

discurso.<br />

Vamos combinar assim: ninguém consegue (nem precisa) usar o tempo todo o registro culto<br />

da língua. No entanto, em certas situações, como no dia da prova, é importante que você<br />

domine as regras gramaticais que vimos ao longo dessa gramática <strong>para</strong> acertar uma questão.<br />

Por isso o capítulo se chama “Domínio do Registro Culto”. Entenda melhor, lendo o que<br />

segue...<br />

Conceito de Erro<br />

Não existe erro de português! A língua não evolui nem involui, ela está em constante<br />

mudança. E todos os falantes da língua de uma nação conseguem se comunicar, pois usam o<br />

mesmo código <strong>para</strong> estabelecer comunicação e interação.<br />

Assim, o certo e o errado na língua é uma mera convenção, uma arbitrariedade, uma<br />

tradição que se baseia na antiga ideia contida nas ultrapassadas gramáticas normativas, as<br />

quais ensinavam que o “bem falar” e “bem escrever” seriam ditados a partir do uso da língua<br />

por pessoas influentes na sociedade. Por isso, quando alguém diz: “A gente vamos na praia<br />

hoje?”, vem outro e corrige: “NÓS vamos À praia hoje! Você não conhece concordância e<br />

regência, seu burro?!”. Esse é só um exemplo de como as pessoas definem o que deve ser feito<br />

e o que não dever ser feito na língua portuguesa, como se, em todas as situações de uso da<br />

língua, tal uso fosse único e, portanto, obrigatório.

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