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A Gramatica para Concursos - Fernando Pestana

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Valor Discursivo<br />

Provas bem elaboradas vêm trabalhando muito o valor discursivo dos artigos. Por isso,<br />

vamos entender melhor qual é o papel do artigo dentro do texto. Leia este diálogo entre dois<br />

interioranos:<br />

Fofoqueiro 1: – Aí, o João foi ao cinema do bairro com a namorada, de novo!<br />

Fofoqueiro 2: – Ih! Isso não vai dar certo. Da última vez que um cara daqui da cidade se<br />

atreveu a levar uma menina <strong>para</strong> o cinema, os pais da garota ameaçaram o cara de morte.<br />

Fofoqueiro 3: – Foi o que eu disse <strong>para</strong> ele... mas o homem não escuta ninguém.<br />

Antes de qualquer coisa, é preciso que você entenda que o artigo definido exerce duas<br />

funções discursivas: 1) indica que o ser do qual o falante está falando é também conhecido do<br />

ouvinte, logo ambos compartilham de um conhecimento prévio sobre o objeto da conversa ou<br />

da exposição e 2) serve <strong>para</strong> retomar ou relembrar termos anteriores, por inferência.<br />

Igualmente, é preciso que você entenda que o artigo indefinido exerce uma função<br />

discursiva, basicamente: sempre que uma nova informação é apresentada, o artigo indefinido<br />

ajuda o interlocutor (ouvinte/leitor) a ficar atento no ser introduzido na cena, pois o pre<strong>para</strong> a<br />

fim de mais à frente ser tornado conhecido pelo artigo definido. Nas palavras de Celso Cunha,<br />

“O artigo indefinido serve <strong>para</strong> a apresentação de um ser ainda não conhecido do interlocutor.<br />

Uma vez apresentado o ser, não há mais razão <strong>para</strong> o emprego do artigo indefinido, e o locutor<br />

(escritor/falante/emissor) deverá usar daí por diante o artigo definido.”.<br />

Se você não entendeu muito bem o que eu quis dizer, relaxe, você vai entender melhor<br />

agora. Vejamos como analisar os artigos da cena (reprise comentada):<br />

Fofoqueiro 1 – Aí, o João foi ao cinema do bairro com a namorada, de novo!<br />

Quando F1 diz “o João”, é porque ele sabe que F2 o conhece. Ambos conhecem o tal João.<br />

Quando F1 diz a F2 “ao cinema do bairro”, é porque só há um cinema no bairro onde eles<br />

moram e conhecem. Quando F1 diz a F2 “com a namorada”, ambos sabem quem é a dita cuja...<br />

e que só é uma. Percebe que há conhecimento compartilhado e prévio nesta parte do diálogo<br />

entre os interlocutores?<br />

Fofoqueiro 2 – Ih! Isso não vai dar certo. Da última vez que um cara daqui da cidade se<br />

atreveu a levar uma menina <strong>para</strong> o cinema, os pais da garota ameaçaram o cara de morte.<br />

Olha aí o que disse o Celso! Usam-se inicialmente indefinidos <strong>para</strong> depois os definidos<br />

retomarem, por inferência, os termos anteriores (um cara – o cara; uma menina – (d)a garota).<br />

Os indefinidos são ótimos <strong>para</strong> apresentar seres e os definidos são ótimos <strong>para</strong> retomá-los<br />

visando à clareza.

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