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A Gramatica para Concursos - Fernando Pestana

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Cuidado!!!<br />

¹ A banca CONSUPLAN (TSE/Analista Judiciário/2012) elaborou uma questão equivocada<br />

– que, <strong>para</strong> variar, não foi anulada! – sobre o vocábulo qualquer. Dizia-se que este pronome<br />

não exercia papel pronominal neste trecho: “Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar,<br />

mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever...”. Aí eu<br />

pergunto: “Pode isso?”. Em nenhuma gramática de autor respeitado e estudado nas<br />

Faculdades de Letras do Brasil, diz-se que o pronome qualquer, independentemente de sua<br />

posição na frase, deixa de ter valor pronominal. “Muito pelo contrário”, como já dizia minha<br />

vó!<br />

Celso Cunha classifica tal construção na categoria dos PRONOMES (Veja a Nova<br />

Gramática do Português Contemporâneo, está lá):<br />

Qualquer<br />

Tem por vezes sentido pejorativo, particularmente quando precedido de artigo indefinido<br />

(...). A tonalidade depreciativa torna-se mais forte se o indefinido vem posposto a um<br />

nome de pessoa: ‘... Hoje é isto que o senhor vê: um <strong>Pestana</strong> qualquer...’ (grifo meu)<br />

Este exemplo é do Celso mesmo, não é sacanagem. Que coincidência o cara falar <strong>Pestana</strong>!<br />

Pois bem... o que importa é que o gramático classifica como PRO-NO-ME o vocábulo<br />

qualquer, por mais que venha depois do substantivo, com valor depreciativo!<br />

Não satisfeito, enviei uma pergunta à ABL, baseando-me em um exemplo da única fonte<br />

consagrada que encontrei, a qual diz ser qualquer um adjetivo: o consagrado dicionário<br />

Houaiss. Só ele diz isso, até onde foi minha pesquisa. É um contra mil. Aí a banca me cria<br />

uma questão dessas?! Só pode ser brincadeira, não?! Vamos ao que disse a ABL:<br />

ABL RESPONDE<br />

Pergunta: O vocábulo “qualquer” é classificado morfologicamente como ADJETIVO ou<br />

como PRONOME INDEFINIDO nesta frase: “Este feijão não é um feijão qualquer.”? Grato!<br />

Resposta: É um pronome adjetivo indefinido. (grifo meu)<br />

Esta é, portanto, a função morfológica de qualquer: pronome indefinido. Não é um adjetivo!<br />

E quem diz isso não sou eu. É um fato comprovado por quem mais entende de Português: a<br />

Academia Brasileira de Letras! Ponto final.<br />

² Semi<strong>para</strong>fraseando Celso Cunha, “De regra, o indefinido algum adquire valor negativo em<br />

frases onde aparecem expressões negativas (não, nem, sem...): ‘A sua crítica não obedecia a<br />

sistema algum.’”. Esta dupla negação serve <strong>para</strong> realçar a ideia negativa; não é como na<br />

Matemática, em que – com – dá +. É bom dizer que, quando se invertem os termos da<br />

oração, o não sai da jogada, perdendo-se a dupla negação, mas ainda assim se conserva a<br />

ideia de negação: “A sistema algum (= nenhum) obedecia sua crítica.”.

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