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A Gramatica para Concursos - Fernando Pestana

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da gramática – O problema de critérios semânticos na definição das funções<br />

sintáticas:<br />

“(11) Come-se bem aqui nesta cidade. / (12) Come-se bem aqui nesta cidade uma<br />

bela feijoada. No exemplo (11) temos um caso de sujeito indeterminado. Mas isso só<br />

acontece porque não há termo na oração que possa funcionar como sujeito, visto que<br />

todos são adjuntos adverbiais. Logo, “alguém come”, mas não se pode precisar quem.<br />

Já no exemplo (12) há um sujeito simples: “uma bela feijoada”. É equivalente a<br />

“Uma bela feijoada é comida.”. Como se pode observar, foi só aparecer um termo<br />

que pudesse se adequar à função de sujeito que se transformou uma oração de sujeito<br />

indeterminado em uma oração caracterizada por verbo em voz passiva.”<br />

Por isso, não confunda a partícula se (indeterminadora) com se (apassivadora). A<br />

partícula apassivadora aparece com verbo transitivo direto sem estar seguido de termo<br />

preposicionado e pode-se desdobrar a oração que a contém em passiva analítica; isso já não<br />

ocorre com o verbo acompanhado da partícula de indeterminação do sujeito.<br />

– Vendeu-se tudo da loja. (Tudo da loja foi vendido.)<br />

– Duvida-se de tudo hoje em dia. (De tudo é duvidado hoje em dia? (construção<br />

inexistente)<br />

Note que o verbo concorda com o sujeito. Segundo a gramática tradicional, a construção<br />

“Vendeu-se todos os produtos da loja.” estaria incorreta, devendo ser “Venderam-se todos<br />

os produtos da loja.” (= Todos os produtos da loja foram vendidos.).<br />

No entanto... na prova de Analista Judiciário (STF) de 2008, elaborada pela banca<br />

Cespe/UnB, veja a questão 2 (deveria ter sido anulada, mas não foi):<br />

“Preservando-se a correção gramatical do texto, bem como sua coerência<br />

argumentativa, a forma verbal “mudam-se” (Na economia, por exemplo, mudam-se os<br />

valores de uso concreto e qualitativo <strong>para</strong> os valores de troca geral e quantitativa)<br />

poderia ser empregada também no singular”.<br />

Ela foi considerada correta. Incrível, não? “Mas por que, Pest? O verbo não precisa<br />

concordar com o sujeito paciente?” Resposta: também acho, mas... alguns linguistas e<br />

gramáticos, como o senhor Evanildo Bechara, Said Ali, João Andrade Peres, Telmo Moía e<br />

José Carlos de Azeredo, entendem que o verbo transitivo direto pode vir seguido de índice<br />

de indeterminação do sujeito, mesmo quando não há objeto direto preposicionado depois.<br />

Segundo Bechara, em “Vende-se casas./Vendem-se casas.”, ambas as sintaxes são corretas,<br />

e a primeira não é absolutamente modificação da segunda. São apenas dois estágios<br />

diferentes de evolução”. Interessante é que, no capítulo de concordância da gramática do<br />

homem, ele diz que o verbo tem de ficar no plural nesse mesmo caso, o que significa que o<br />

se é apassivador, logo o certo seria apenas “Vendem-se casas. = Casas são vendidas.”. Sim,

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