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Alimentación salud y cultura - SANHISO C. International health and ...

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Diversos autores<br />

1995 e 2008 houve uma redução significativa em relação aos índices<br />

de pobreza absoluta e da miséria de 43,4% para 28,8%. Na região nordeste,<br />

no ano de 2008 o percentual de população nestas condições foi<br />

de aproximadamente 70% sendo na Bahia 44,1% (IPEA, 2009).<br />

Este estudo etnográfico (conforme, Geertz, 1989) em um bairro<br />

popular da cidade de Salvador, Bahia, nordeste de Brasil, buscou<br />

compreender significados e valores simbólicos da fome permanentemente<br />

inscritos na vida dos famintos. Estes, que revelam a falta de<br />

esperança em mudar o estado de miséria e tentam interpretá-lo em<br />

suas próprias visões de mundo. Falar deste tema é discorrer sobre<br />

uma modalidade de genocídio, uma realidade em que a cena da morte<br />

está predita pela falta material e destinada ao cotidiano extremado<br />

de pobreza e violência. Situada no umbral entre vida e morte, a fome<br />

é difícil de ser descrita pelos que não a vivenciam, pois, a fome não<br />

é apenas uma sensação individual da necessidade de alimentos, mas<br />

também, é uma condição que ameaça a vida pela permanente dificuldade<br />

em garantir alimentos no cotidiano.<br />

Como pude analisar quem vive esse tipo de fome, necessita de<br />

ideologias que se traduzam em estratégias de sobrevivência. Os famintos<br />

se cercam de conhecimentos inspirados em experiências envoltas<br />

em redes de relações míticas, em busca de uma aproximação explicativa<br />

para a vida em meio à violência, a droga, ao desemprego e outras<br />

situações sociais.<br />

Os efeitos dessa qualidade de vida revelam principalmente nos jovens<br />

das camadas populares, novos modos de expressão da exclusão<br />

e de violência urbana que preenchem o vazio de um cotidiano sem<br />

escolaridade e sem quaisquer expectativas de melhoria da vida. No<br />

cenário urbano, a geografia da exclusão social vai transpondo limites<br />

e conferindo uma <strong>cultura</strong> de viver de modo violento.<br />

Os moradores desenvolvem formas de sobreviver ao cotidiano<br />

nas quais se combinam miséria e cheiros que exalam dos esgotos<br />

abertos e do lixo. As humilhações das precárias condições materiais<br />

e as insistentes proximidades com a morte, pelas constantes ameaças<br />

de adoecimento e violência, pressupõem formas próprias de sociabilidade<br />

e de expressão. Sua população com mais de 3.000 pessoas migraram<br />

do campo e de outras favelas por disputas de tráfico de drogas.<br />

Neste estudo, busquei aproximar-me de um olhar intertextual sobre<br />

a fome, e descrevo o fenômeno na intersubjetividade, num mundo

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