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FEIRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2015

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Órfã de pais na adolescência e com dois irmãos mais novos, para Dora o casamento,<br />

seu deslocamento para o bairro Vila Rosa e a construção de sua morada, foi uma maneira de<br />

inserir-se em um ambiente familiar acolhedor, diferentemente de onde viveu por 15 anos, um<br />

mundo estranho, tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe, da vida em família como argumenta<br />

Maneschy (2013). A morada (a casa) adota aqui outro sentido, o dos devaneios da “terra natal”<br />

associado ao exercício do viver a cidade a partir de um lugar de segurança, fruto de uma luta por<br />

reconhecimento de direito, mas também nos termos bachelardianos, lugar de proteção de “si”.<br />

A filha Jussara, que se separou em 1994, criou os quatro filhos no mesmo terreno, em<br />

uma casa de material, que tem aos fundos o chalé em que cresceu. Durante o casamento,<br />

Jussara e seu marido, jogador de futebol, viajaram muito pelo país, e antes das últimas duas<br />

gestações, o casal retornou definitivamente para Novo Hamburgo. Para ela, como para sua<br />

mãe, Dora, o valor da morada, herança que enraíza as memórias da família Silva dos Santos no<br />

bairro Vila Rosa, há quase sete décadas na cidade de Novo Hamburgo, se revela a casa como<br />

lugar de proteção para a sua prole em oposição ao espaço da rua. Ao ser interpelada sobre a<br />

representação da casa para sua vida, Jussara nos responde:<br />

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Segurança. Foi um lugar que eu me criei, que voltei após um tempo, e era um<br />

porto seguro. (Informação verbal: Jussara, 24/07/<strong>2015</strong>)<br />

Neste caso, ter uma casa, ser proprietária de uma residência reúne para estas mulheres<br />

de uma mesma família, a noção de indivíduo ao da pessoa e suas respectivas instâncias<br />

sociais. Ter uma casa remete a “topografia de nosso ser intimo” (BACHELARD, 1974, p. 354)<br />

tanto quanto ao sentimento de suplantar as intempéries de uma estratificação social rígida na

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