Flüchtlinge und das ‚Aushandeln
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de Andrade, que a ela dedica um curto artigo no Diário Nacional, e do artista Lívio<br />
Abramo (1903-1992), que menciona entusiasticamente seu primeiro contato com<br />
a obra de Käthe Kollwitz e de artistas expressionistas (ABRAMO 1983). Sob o título<br />
Artes gráficas Mário de Andrade comenta elogiosamente „o estado de perfeição<br />
em que se encontram as artes gráficas na Alemanha“; mais adiante menciona<br />
ainda „edições de luxo e gravuras“ e apesar de referir-se „aos ilustradores Slevogt<br />
e Orlik“, e a „Georg Grosz, que é um gênio“, o autor não se detém longamente<br />
sobre o assunto, tampouco comenta obras em particular de nenhum dos artistas<br />
participantes, ressaltando, por fim, a superioridade francesa no campo gráfico<br />
(ANDRADE 1930 in ANCONA LOPEZ 1976, p. 253-255). A obra de Käthe Kollwitz<br />
só recebeu sua atenção na mostra que se realizaria três anos mais tarde.<br />
Dedicada exclusivamente à obra de Käthe Kollwitz, a exposição de 1933 foi<br />
mostrada inicialmente na Galeria Heuberger, localizada na avenida Rio Branco,<br />
no Rio de Janeiro. Desde 1930, Theodor Heuberger dirigia a Associação Pró-Arte,<br />
por ele f<strong>und</strong>ada, que entre outras atividades culturais, organizava anualmente<br />
um salão de artes plásticas. A Pró-Arte teve „o mérito de ser a primeira que apresentou<br />
ao público brasileiro os trabalhos de Käthe Kollwitz“, seg<strong>und</strong>o comenta em<br />
seu primeiro número o articulista de Base, uma revista dedicada à arte, técnica e<br />
pensamento, publicada no Rio, num artigo intitulado Exposição Käthe Kollwitz em<br />
São Paulo. O artigo, de apenas uma página, traz três reproduções de xilogravuras<br />
da artista: um auto-retrato, além de Viúva I, do ciclo Guerra (1922/23), e Desempregados,<br />
do ciclo Proletariado. O texto é curto mas demostra, apesar da terminologia<br />
um tanto ingênua, uma apreensão acurada em relação ao aspecto social da<br />
obra da artista, além do conhecimento de sua difícil situação devido à perseguição<br />
sofrida por ela sob o regime nazista.<br />
A exposição teve um grande sucesso; e não há de admirar, porque<br />
com Käthe Kollwitz tem a humanidade uma artista que desenha com<br />
prof<strong>und</strong>a observação as faltas mais importantes de nosso universo. É<br />
este o mérito de Käthe Kollwitz, de não desenhar naturezas mortas,<br />
porém, vendo com os olhos abertos tudo que a circ<strong>und</strong>a. Faz ver a<br />
vida dos oprimidos.<br />
Käthe Kollwitz nascida em 1867, vive no norte de Berlim, num bairro<br />
pobre, onde seu marido pratica seu ofício de médico. Não é por acaso<br />
que ela mora num bairro pobre, mas lhe pesaria a consciência, se não<br />
estivesse junto aos pobres, se não tomasse parte nos seus sofrimentos.<br />
Assim sendo, vê-se nas suas obras, as quais são desenha<strong>das</strong> com fortes<br />
traços penetrativos, quase masculinos, sempre a vida dos pobres: os<br />
sem trabalho, mulheres grávi<strong>das</strong>, fome, guerra, revolta, morte.<br />
Por este motivo é ela hoje em dia um dos mártires do movimento<br />
político alemão. Käthe Kollwitz combatente pela humanidade nós vos<br />
saudamos! (KOLLWITZ 1933, p. 9)<br />
No início de 1933, a Pró-Arte assinava um acordo com o Clube dos Artistas<br />
Modernos (CAM), de São Paulo, que previa „intercâmbio de sócios na freqüentação<br />
<strong>das</strong> sedes, intercâmbio e auxílio dos artistas, intercâmbio de exposições“ (ALMEIDA<br />
1976). Como um primeiro resultado deste intercâmbio foi enviada a São Paulo a