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Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

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Contudo, Hans Staden não visa em absoluto a uma idealização da cultura<br />

índia. Nada lembra o tópico do ‚bom selvagem‘, antes se nota uma tendência<br />

desmitificadora. 17 Algumas cenas, também ausentes no texto original, mas sim<br />

recuperando motivos de Como era gostoso o meu francês, sublinham a<br />

agressividade guerreira dos povos tupi-guarani, em que muitas vezes se tem<br />

insistido, não sempre de forma desinteressada (LUSTIG 2007). Sirva de exemplo<br />

o episódio no qual Naira se nega a deixar ao comerciante francês seu papagaio<br />

em troca de uns brinquedos cintilantes mas sem valor, exigindo que em câmbio<br />

a pague com „muitos fuzis“ (HS 1:04:50).<br />

3.2. A versão fílmica de texto e imagem<br />

em serviço da ‚brasileirização‘<br />

Depois desta análise de algumas particularidades do argumento, que enfocavam<br />

– entre outros aspectos – a relativa independência frente à base textual,<br />

gostaríamos agora de pôr em relevo a realização do discurso, ou seja – em sentido<br />

literal – a adaptação <strong>das</strong> estruturas discursivas do livro de Staden.<br />

O seguinte exemplo do cap. 52 (HS 1:16:26) demonstra como o roteiro aproveita<br />

um máximo do texto original. Na seguinte passagem marcamos em itálico o<br />

discurso narrativo propriamente dito e sublinhamos a representação do discurso<br />

<strong>das</strong> personagens, o qual – como já dissemos – constitui uma larga parte do relato<br />

e muitas vezes se realiza em forma de discurso indireto:<br />

Entrementes haviam ouvido dizer os franceses, que tinham chegado a Niterói,<br />

que eu vivia entre os índios. Então enviou o capitão duas pessoas do seu<br />

navio com alguns chefes dos selvagens que lhes eram amigos, ao lugar em<br />

que me encontrava. Foram eles a uma choça, que pertencia ao chefe Çôouara-açu,<br />

e que ficava bem próxima daquela em que eu estava. Os selvagens<br />

anunciaram-me que dois homens do navio haviam vindo. Dirigi-me<br />

a eles e dei-lhes as boas vin<strong>das</strong> na língua dos nativos. Quando me viram<br />

aproximar tão miserável, tiveram compaixão de mim e deram-me alguma<br />

coisa de suas vestes. Perguntei por que haviam vindo. Responderam que<br />

por minha causa. Tinha-lhes sido ordenado trazer-me a bordo, e isto<br />

deviam eles empreender por todos os meios. Alegrei-me então de todo o<br />

coração pela misericórdia divina e disse a um dos dois que se chamava Perot<br />

e conhecia a língua indígena, que devia declarar que era meu irmão e<br />

que me havia trazido alguns caixões cheios de mercadorias, a fim de<br />

que os índios me levassem ao navio, indo buscar os caixões. Além<br />

disso, precisava dizer que eu queria permanecer entre eles para juntar<br />

pimenta e outras mercancias, até que o navio retornasse no próximo<br />

ano. Com estas informações levaram-me também ao navio, e meu amo<br />

mesmo me acompanhou. A bordo tiveram todos pena de mim, tendo-me<br />

feito muitas gentilezas. (STADEN 2007, p. 368 18 )<br />

17. A este respeito o texto de Staden não segue a linha dos cronistas franceses. Sobre a mesma<br />

problemática cf. WICKER 2004.<br />

18. O cap. 51 na versão traduzida em Staden 2007, que corresponde ao cap. 52 em Staden 1557.<br />

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