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Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

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vendia queijos, fazia desenhos para jornalecos... Ninguém tinha dinheiro<br />

para nada. (BECCARI 1983, p. 7)<br />

Daí os temas sempre relacionados ao desemprego, ao operário e a sua condição;<br />

as principais características formais desta série são a priorização da forma<br />

geométrica e ausência de meios tons, que atestam uma fase de experimentação<br />

técnica. Desta destacam-se as gravuras 1° de Maio (1928), Rebelião (1928) e Bastilha<br />

(c. 1927/29) pois se reconhecem trabalhadores empunhando ferramentas como<br />

armas e multidões subleva<strong>das</strong>, reduzi<strong>das</strong> a formas chapa<strong>das</strong>, que se deslocam em<br />

bloco sob eixos diagonais.<br />

Em 1930, Lívio Abramo visita a versão paulistana da exposição de Livros e Artes<br />

Gráficas Alemãs, organizada por Theodor Heuberger:<br />

Vi uma exposição de alemães fabulosos [...]. Havia uma coleção magnífica<br />

de gravuras originais de todos os gravadores alemães expressionistas<br />

– Heckel, Schmidt-Rotlluff, Barlach, Lionel Feininger, Käthe Kollwitz –<br />

só da Käthe Kollwitz havia mais de dez gravuras fabulosas [...] era uma<br />

gravura melhor que a outra. Bem, depois dessa exposição, resolvi – É<br />

isso que eu quero fazer! (BECCARI 1983, p. 7)<br />

E ainda, numa outra declaração sobre a mostra:<br />

Quem mais me impressionou foi Käthe Kollwitz, com suas águas fortes;<br />

tiveram influência sobre mim, pois eu também me interessava por<br />

problemas sociais. (FERREIRA 1983, p. 33)<br />

Como se pode concluir de suas afirmações, o entusiasmo de Lívio Abramo<br />

pela obra de Käthe Kollwitz é notório. Também aqui se verifica a classificação da<br />

artista como „expressionista“, confirmando o equívoco na recepção brasileira da<br />

obra de Kollwitz, ao qual nos referimos anteriormente.<br />

Na década de 1930 Abramo intensifica sua militância política, tornando-se<br />

membro do Partido Comunista, e após sua dissidência deste, do Partido Socialista:<br />

Fui expulso do partido (comunista) [...]. Entrei para o partido Socialista<br />

em 1933, na ala esquerda; toda a turma trotskista estava lá [...] fiquei<br />

muito amigo de Mário Pedrosa [...] e colaborei intensamente na campanha<br />

para criar uma frente única antifascista. (FERREIRA 1983, p. 39)<br />

O engajamento de Abramo, contudo, não condiciona politicamente sua obra,<br />

que como a de Kollwitz, mantém-se autônoma, independente de interesses de<br />

partidos ou tendências panfletárias, como se verifica no realismo socialista.<br />

A amizade com Mário Pedrosa levou-o à colaboração no jornal O Homem<br />

Livre; certamente Abramo não ficou alheio à exposição de Käthe Kollwitz no CAM<br />

e ao ensaio do autor a respeito. É o que pode ser notado em suas ilustrações para<br />

aquele periódico e em sua obra até o final dos anos 1930. Na ilustração para a<br />

matéria Frente Única, publicada a 2 de julho de 1933, as figuras masculinas representa<strong>das</strong><br />

f<strong>und</strong>em-se numa só forma, que ocupa quase toda a superfície gravada<br />

e se impõe monumentalmente ao observador; esse modo de fazer surgir as<br />

figuras do f<strong>und</strong>o negro, iluminando-as com „um sulco de luz“ (FERRAZ 1955, p.

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