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Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

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„cerebral e consciente“ (PEDROSA 1933, p. 33). Mais uma vez registramos o<br />

preconceito em relação ao sexo feminino na análise da obra de Kollwitz, presente<br />

em diferentes autores.<br />

Quase totalmente ausente no ensaio de Pedrosa está a análise do processo<br />

artístico; obviamente o autor dá preferência aos aspectos do conteúdo, em detrimento<br />

do exame da expressão formal. Era a tônica da crítica de arte de ênfase<br />

social, que se afirmava na época. Apenas numa passagem, a respeito da xilogravura,<br />

aponta a coincidência entre a força expressiva do material e a cont<strong>und</strong>ência do<br />

assunto gravado:<br />

A intensidade dramática que a madeira violentada revela é de tal ordem<br />

que a obra de arte atinge aqui a unidade e a integração ideal<br />

entre a vontade e o sentimento do artista e a capacidade interior de<br />

expressão do próprio material. (PEDROSA 1933, p. 31)<br />

Finalizando, Mário Pedrosa reafirma a missão revolucionária da obra de<br />

Käthe Kollwitz, contido em seu caráter proletário, ou seja, de instrumento de<br />

divisão de classe:<br />

A arte social [...] não é de fato um passatempo delicioso: é uma arma<br />

[...]. A dialética da dinâmica social [...] faz com que uma obra destas, tão<br />

prof<strong>und</strong>amente inspirada de amor e fraternidade humana, sirva entretanto,<br />

para alimentar o ódio de classe mais implacável. E com isto está<br />

realizada a sua generosa missão social. (PEDROSA 1933, p. 34)<br />

A ressonância da obra de Käthe Kollwitz entre os artistas brasileiros:<br />

Lívio Abramo, Carlos Scliar e Renina Katz<br />

Com a publicação do ensaio em O Homem Livre, jornal claramente de esquerda,<br />

a exposição de Käthe Kollwitz teve seu eco definitivo no meio político-intelectual<br />

mais avançado de São Paulo. Entre os colaboradores do periódico constava<br />

Lívio Abramo, um dos primeiros artistas gráficos da modernidade brasileira, que<br />

então ilustrava matérias daquele jornal; a partir de então e durante toda a década<br />

de 1930, sua obra será marcada por uma notável influência de Käthe Kollwitz.<br />

Lívio Abramo, descendente de imigrantes italianos que seguiram para São<br />

Paulo, trazia do meio familiar uma experiência de ativa participação política e de<br />

empenho cultural; seu avô, Bartolomeu Scarmagnan, com o qual o artista conviveu<br />

e que retratou, isto em 1926, era um „anarquista bakunista militante“, seg<strong>und</strong>o<br />

afirma o próprio artista em entrevista a Vera D´Horta Beccari (BECCARI 1981,<br />

p. 5). Seu aprendizado artístico autodidata iniciou-se naquele ano, com instrumentos<br />

rudimentares: „uma gilete e um pedaço qualquer de madeira“ (ibid., p. 5).<br />

Pouco depois Abramo começou a trabalhar como ilustrador para o semanário<br />

anarquista Lo Spaghetto, porta-voz da comunidade operária italiana em São Paulo;<br />

desse período data uma série de linóleos onde se manifestam preocupações de<br />

f<strong>und</strong>o social, já que o artista sentia de perto os problemas da crise econômica:<br />

Em 1928, 29, já tinha começado a crise que em 1930 explodiu em<br />

todo o m<strong>und</strong>o. Durante todos esses anos eu vivia de expedientes,<br />

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