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Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

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Estas quatro obras constituem também os primeiros e mais importantes documentos<br />

sobre a etnografia dos povos tupi-guaraníticos, cuja língua e cultura marcam<br />

até a atualidade o Brasil e os países do Rio da Prata. Para caracterizar resumidamente<br />

o livro de Staden só recorreremos aqui a uma apresentação de Franz<br />

Obermeier, um dos melhores conhecedores da obra:<br />

O relato de Hans Staden é o primeiro livro publicado na Europa que<br />

se dedica exclusivamente ao Brasil. Hans Staden, (que nasceu em 1525<br />

e morreu depois de 1558), natural de uma pequena cidade situada no<br />

estado alemão de Hessen, Homberg an der Efze, fez duas viagens ao<br />

Brasil entre 1548 e 1555. Durante a seg<strong>und</strong>a, em 1554, foi preso<br />

pelos índios Tupinambás perto de São Vicente e, seg<strong>und</strong>o seu próprio<br />

relato, viveu nove meses e meio com aquela tribo antropófaga, que se<br />

tinha aliado com os franceses e estava em pé de guerra com os portugueses.<br />

Graças a dotes xamânicos que lhe atribuem os índios, Staden<br />

consegue escapar aos rituais da execução e do banquete, e pôde voltar<br />

num navio francês, via França, para a Alemanha, na condição de<br />

escravo resgatado. Em 1557 publica seu livro, incitado pelo catedrático<br />

marburguês Dryander, e com um prólogo do mesmo. Em comparação<br />

com as primeiras crônicas sobre a América, não só contém informações<br />

muito mais amplas sobre a cultura e especialmente sobre a<br />

antropofagia dos Tupinambás, mas também o primeiro corpus iconográfico<br />

com drásticas representações de como eram mortos e comidos<br />

os prisioneiros. Embora tenham surgido dúvi<strong>das</strong> acerca da autenticidade<br />

destas informações – provavelmente inf<strong>und</strong>a<strong>das</strong>, tendo em conta<br />

as numerosas fontes sobre a antropofagia daquelas tribos – o livro de<br />

Staden é uma <strong>das</strong> obras mais importantes sobre o Brasil da época do<br />

Descobrimento. Devido ao seu estilo pessoal e às reminiscências a<br />

uma literatura de edificação de cunho protestante, que enfatiza o testemunho<br />

da fé, alcançou uma popularidade considerável, a qual é confirmada<br />

por numerosas reedições.<br />

(OBERMEIER 2004, trad. minha 1 )<br />

O tema da antropofagia, já anunciado no próprio título da História, é explorado<br />

por todos os quatro autores mencionados, ainda que com prof<strong>und</strong>idade e<br />

valorização diferentes. Inesperadamente, o próprio Staden, ameaçado de ser<br />

comido por seus ‚anfitriões‘ durante meses, aborda o tema de uma forma relativamente<br />

sóbria e distanciada. De maneira nenhuma a antropofagia é objeto de um<br />

tratamento sensacionalista, tal como o poderiam sugerir o título e certas adaptações<br />

e elaborações posteriores da matéria.<br />

Os autores <strong>das</strong> referi<strong>das</strong> ‚crônicas brasileiras‘ (certamente com exceção de<br />

Ulrich Schmidel, que relata o encontro com os guaranis do rio Paraguai) são<br />

protestantes, e o intertexto edificante é mais palpável em Staden. Assim, o teor de<br />

acusação e condenação contra as práticas diabólicas, tão típico para as obras de<br />

1. No que segue, to<strong>das</strong> as traduções de fontes não publica<strong>das</strong> em português também serão da<br />

minha autoria.<br />

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