27.02.2013 Aufrufe

Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

MEHR ANZEIGEN
WENIGER ANZEIGEN

Erfolgreiche ePaper selbst erstellen

Machen Sie aus Ihren PDF Publikationen ein blätterbares Flipbook mit unserer einzigartigen Google optimierten e-Paper Software.

também um dos poucos documentos relativamente autênticos daquela língua.<br />

Estas qualidades converteram-na – em texto e imagem – na referência primordial<br />

para modernistas e tupinistas (BASTOS 2000). Além disso, a específica estrutura<br />

comunicativa do livro (narração, diálogos, imagens) predestinava-o para a<br />

adaptação cinematográfica.<br />

A primeira realizou-se já quase 30 anos antes de Hans Staden, na obra já mencionada<br />

Como era gostoso o meu francês, dirigida por Nelson Pereira dos Santos<br />

(1971), ou How tasty was my little frenchman, título que foi dado à versão em VHS<br />

que foi comercializada nos Estados Unidos a partir de 2005.<br />

O filme pode-se colocar no contexto do chamado tropicalismo, revitalização <strong>das</strong><br />

idéias modernistas depois de 1968. Nele, a aventura de Staden é modificada e<br />

reinterpretada alegoricamente, integrando temas e episódios da crônica francesa de<br />

Jean de Léry. O protagonista chama-se Jean, é francês e sofre o mesmo destino como<br />

o alemão, embora com um desenlace bem diferente, de rico simbolismo. Durante sua<br />

estadia entre os Tupinambás, o protagonista namora uma bela moça da tribo, motivo<br />

que o impede embarcar no navio francês que o havia de repatriar. Estas condições –<br />

namorando e heróico, mas plenamente consciente – permitem que a cultura tupibrasileira<br />

literalmente o ‚incorpore‘. Falando claro: ele mesmo é ritualmente executado<br />

pelos índios e ingerido, em evidente realização fílmica do credo modernista (cf.<br />

RAMOS 2000). Já neste primeiro a filme, o tupi antigo funciona como língua geral,<br />

com a diferença de que o herói francês – obedecendo ao esquema iniciático que<br />

fornece a estrutura básica do argumento – não o domina de antemão como Staden,<br />

assim que o espectador torna-se aqui testemunho da lenta aprendizagem do idioma,<br />

sobretudo através do relacionamento com a namorada índia.<br />

2.2. A tradição do cine tupi-brasileiro<br />

Mas Como era gostoso o meu francês nem foi o primeiro filme no Brasil que<br />

valorizou programaticamente o tupi como língua ‚clássica‘ da nação. De fato, está<br />

presente em pelo menos seis obras que to<strong>das</strong> enfocam a questão da brasilidade e<br />

a relação que esta mantém com um patrimônio tupi mais ou menos estilizado.<br />

Descobrimento do Brasil Humberto Mauro 1937 10<br />

Macunaíma Joaquim Pedro de Andrade 1969<br />

Como era gostoso o meu francês Nelson Pereira dos Santos 1971<br />

Uirá, um índio em busca de deus Gustavo Dahl 1974 11<br />

Hans Staden Luiz Alberto Pereira 1999<br />

Desm<strong>und</strong>o Alain Fresnot 2003 12<br />

10. Para comentários sobre este filme consulte-se SCHWAMBORN 2000.<br />

11. „Baseado em um livro de Darcy Ribeiro, o filme foca a trajetória de Uirá, um índio Urubu-<br />

Kaapor, na busca pela ‚terra sem males‘. A aventura começa após a morte de seu primogênito,<br />

quando ele e sua família decidem ir à busca de Maíra o Herói criador nas culturas Tupi.<br />

Nesse processo, Uirá e sua família saem de sua aldeia no interior do Maranhão e chegam à<br />

capital, São Luiz.“ (MORGADO 2000)<br />

12. SCHWAMBORN 2005, p. 100s.<br />

53

Hurra! Ihre Datei wurde hochgeladen und ist bereit für die Veröffentlichung.

Erfolgreich gespeichert!

Leider ist etwas schief gelaufen!