Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

3.1. Quadros de costume e (novas) histórias
Por outro lado parece interessante a inserção de cenas novas, que não têm
fundamento direto no livro. Sua análise nos permitirá determinar a acentuação
própria que caracteriza o filme e faz dele algo mais que uma mera transposição
da crônica para outro meio. Aqui é preciso diferenciar entre passagens que
utilizam a informação etnográfica do segundo livro e outras que aparentam ser
criações totalmente originais.
Os dados sobre a cultura Tupinambá que Staden fornece na segunda parte da
obra, estão certamente sempre presentes no cenário, seja na escolha das locações,
da aldeia indígena reconstruída, na caracterização das atrizes e dos atores
(contra toda aparência eles não são verdadeiramente ‚nus‘, mas têm os corpos
artificiosamente pintados). Adicionalmente, porém, certos costumes descritos pelo
cronista se inserem na ação do filme em forma de cenas curtas. Trata-se, por
exemplo, da preparação da mandioca, a fabricação de flechas e a elaboração do
algodão, pouco antes da realização do capítulo 27, no qual Staden se lembra de
um grave ataque de ‚odontalgia‘ (HS 07:21). 14
Assim mesmo, o filme traz uma representação exaustiva do ritual antropofágico
que carece de base narrativa no primeiro livro. É certo, no entanto, que ao final do
cap. 37 [36] o autor remete aos capítulos respectivos do segundo livro („Como isto
se passa sabereis no capítulo nono do segundo livro“), e é exatamente esse aviso
que encontra sua realização a partir de HS 54:23, onde é combinada com a história
do prisioneiro mencionado neste mesmo capítulo. A seqüência começa, aliás, com
outra reminiscência etnográfica, mostrando umas mulheres ocupadas com a preparação
do cauim, conforme a receita inserta no segundo livro.
Uma base textual ainda muito menos sólida, senão nenhuma, tem o namoro
de Staden com uma jovem da tribo chamada Naira – nome que o leitor buscaria
em vão nas páginas da História. Há, quando muito, uma frase relacionada com o
tratamento dos cativos que pode servir de justificação para introduzir esse motivo,
explorado bastante na tela: „Dão-lhe então uma mulher, que dele cuida, servindo-o
também“ (livro II, cap. 29 / HS 41:45).
Agora, ao estabelecer uma comparação com o primeiro filme sobre Staden,
realizado por Pereira dos Santos, constatar-se-á que esta mesma obra foi a que
inspirou o romance com a bela índia. A prova mais persuasiva é a cena de amor
numa rede, demasiado parecida para ser mera coincidência, precisamente por
falta de apoio textual (HT 20:18). Contudo, não se pode negar que o episódio é
realizado com maior dramatismo e uma estética mais convincente na obra precursora,
nomeadamente por sua função dilatória quanto ao processo de iniciação
à cultura indígena que experimenta o herói. A segunda versão, porém, faz
pensar que o episódio erótico é uma concessão aos gostos do público, e que,
ainda por cima, fornece o motivo para uma lacrimosa cena de separação ao final
do filme. 15 Apesar de tudo, o episódio amoroso constitui um elemento que se
14. À continuação, marcar-se-ão as referências a determinadas seqüências do filme com a
indicação aproximada do início da cena respectiva (hora: minuto: segundo), com base no
DVD Hans Staden (HS) e o cassete VHS How Tasty Was My Little Frenchman (HT).
15. Além disso, a relação com Naira permite ao protagonista demonstrar sua lealdade para
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