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Flüchtlinge und das ‚Aushandeln

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Certamente não se pode negar que a ‚visão européia‘ se traduz também nestas<br />

ilustrações, as quais, observa<strong>das</strong> detalhadamente, transportam outras refrações e<br />

deformações. É verdade que o ilustrador marburguês criou as imagens a partir do<br />

relato de Staden (e eventualmente com informações adicionais, mas essas não<br />

refletem uma vivência pessoal). São ainda muito mais enganosas as gravuras de<br />

Theodor de Bry, em realidade criações de terceira mão, apesar de aparentarem<br />

um maior realismo. Mas são precisamente elas que, por sua drástica expressividade<br />

e naturalmente pelo grande êxito dos livros do flamengo, têm contribuído muito<br />

mais à popularização <strong>das</strong> aventuras de Staden do que as gravuras esquemáticas<br />

da edição original. Que a película brasileira sucumbisse a esta tentação é corroborado<br />

pela realização da cerimônia funerária em HS 37:43, que carece de qualquer<br />

f<strong>und</strong>amento textual e que não foi ilustrada por gravura nenhuma na primeira<br />

edição da História. Não há dúvida que se inspira numa ilustração incluída em De Bry.<br />

Fig. 6: Realização do pranto funerário <strong>das</strong> mulheres inspirada em De Bry (1592, p. 130)<br />

Também aqui o filme procede a uma ‚retupização‘ do material, despindo-o de<br />

tudo que remete aos códigos europeus e renascentistas. Em contrapartida, a preparação<br />

e a caracterização dos atores representando os índios, obedecem evidentemente<br />

ao assessoramento etnológico dispensado aos realizadores da obra. Além<br />

disso, a mensagem que no original tem um caráter exclusivamente visual, recebe<br />

uma ampliação e intensificação pelo acréscimo musical, embora discutível. 19<br />

4. Língua e perspectiva: as funções da retupização<br />

4.1. Tupi ou jevyr<br />

Voltemos, antes de acabar, ao fenômeno tão sensacional que parece constituir<br />

uma película com diálogos falados quase inteiramente em tupi. Como já explica-<br />

19. É emblemático que a música do filme – arranjada por Marlui Miranda e com razão tão<br />

elogiada pela crítica – sofra de uma pequena incoerência: utiliza ritmos e cantos da etnia<br />

mbya-guarani assentada atualmente em alguns sítios daquela região litoral, embora as<br />

semelhanças da cultura desta com a dos Tupinambás do século XVI não devam superar as<br />

que existem entre portugueses e romanos antigos.<br />

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