Flüchtlinge und das ‚Aushandeln
Flüchtlinge und das ‚Aushandeln
Flüchtlinge und das ‚Aushandeln
Sie wollen auch ein ePaper? Erhöhen Sie die Reichweite Ihrer Titel.
YUMPU macht aus Druck-PDFs automatisch weboptimierte ePaper, die Google liebt.
mostra de Käthe Kollwitz. Em seu curto período de vida (f<strong>und</strong>ado em novembro<br />
de 1932 e fechado pela polícia cerca de um ano mais tarde) o CAM cumpriu o<br />
papel de forum de arte e inteligência. O artista e intelectual Flávio de Carvalho,<br />
dirigia o clube, incutindo-lhe um cunho inovador e combativo que marcaria<br />
época na cena artística paulistana da década de 1930.<br />
Entre as atividades do CAM constavam também concertos e conferências, estas<br />
sempre sobre assuntos polêmicos e muitas vezes de clara tendência de esquerda,<br />
como a de Tarsila do Amaral sobre arte proletária, e a de Caio Prado Jr., ambos<br />
recém-chegados da União Soviética, e a do muralista mexicano David Alfaro<br />
Siqueiros. Por ocasião da exposição de Käthe Kollwitz, Mário Pedrosa proferiu sua<br />
famosa conferência As tendências sociais da arte e Käthe Kollwitz, que assumiu grande<br />
importância não só na carreira do intelectual, como também na história da<br />
crítica de arte no Brasil. Para a exposição editou-se um pequeno catálogo de quatro<br />
páginas, com quatro reproduções, uma por página, sendo as três primeiras as mesmas<br />
publica<strong>das</strong> na revista Base e a quarta, também uma xilogravura, da série Guerra,<br />
A Viúva II (1922/23); na capa, além do título da mostra, há indicações sobre as<br />
técnicas <strong>das</strong> obras presentes (águas-fortes e litogravuras, xilogravuras não estão<br />
menciona<strong>das</strong> apesar de incluí<strong>das</strong>), período de duração da mostra (de 1º a 20 de<br />
junho de 1933) e referência ao local de realização, com endereço e telefone. Nas<br />
páginas seguintes estavam lista<strong>das</strong> as gravuras, 84 ao todo, com preços e títulos em<br />
português. Através destes constata-se que a exposição proporcionou uma visão<br />
bastante completa da obra gráfica de Kollwitz: águas fortes do início da carreira, os<br />
dois ciclos A Revolta dos Tecelões e A Guerra dos Camponeses inteiros, além dos ciclos<br />
xilogravados Guerra e Proletariado, vários auto-retratos e obras de diferentes períodos.<br />
Sem dúvida, o predomínio da xilogravura, segmento formalmente mais arrojado<br />
no conjunto de sua obra, e que mais se aproxima ao expressionismo, causou<br />
equívoco entre artistas, críticos e público, que julgaram Käthe Kollwitz como pertencente<br />
a essa corrente artística. Através de diversas declarações em seus diários<br />
– „Foi interessante conhecer Pechstein... mas para mim suas obras não passam de<br />
talentosas garatujas“ (1910); „O expressionismo é arte de atelier... estéril... sem raízes<br />
vivas“ (1916); „Certamente não sou expressionista... para mim só existe a forma<br />
humana, mas que deve ser destilada, reduzida à essência“ (1917); (KOLLWITZ 1989,<br />
p. 340) – e de análises da recepção de sua obra na Alemanha, podemos afirmar que,<br />
não obstante a efetiva influência expressionista que recebera durante um certo<br />
período, Käthe Kollwitz ainda se sentia fortemente ligada às origens naturalistas/<br />
realistas de sua obra. Se se considera a carga emocional e o „pathos“ social, além do<br />
cont<strong>und</strong>ente modo de expressão da gravura na madeira, como pontos em comum<br />
entre Kollwitz e a vanguarda alemã do início do século, pode-se então caracterizar<br />
sua obra, paralelamente à de Edvard Munch, como „expressionista de primeira<br />
hora“. Nesse sentido, em seu artigo sobre a versão paulistana da mostra de 1933,<br />
Mário de Andrade acerta quando define a artista como „pré-expressionista“, mas<br />
engana-se ao julgá-la pertencente „ao grupo da Brücke com Schmitt-Rottluff,<br />
Kirchner, Felix Müller“. O autor, que havia visitado a exposição e até mesmo adquirido<br />
uma xilogravura, escreve entusiasticamente sobre a „arte proletária de Käthe<br />
Kollwitz“. Aqui registra-se um outro equívoco, que se repetirá em outros autores, a<br />
exemplo de Mário Pedrosa; trata-se da „origem proletária“ de Käthe Kollwitz. Mui-<br />
177