18.04.2013 Views

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

eleza, como se fosse um poeta que recitasse um cântico, e <strong>de</strong>pois a jurar amor,<br />

constância, paixão e ardor por toda a eternida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sconfia <strong>de</strong>le; os homens que<br />

mais falam são os que mais mentem.<br />

– E os que não falam?... perguntou Celina.<br />

– Esses não dizem nada, respon<strong>de</strong>u Mariquinhas com ingenuida<strong>de</strong>.<br />

– Ora, tornou a “Bela Órfã” com um movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagrado, disso já eu<br />

sabia.<br />

– Então o que é?...<br />

– Dizes que não <strong>de</strong>vemos acreditar naqueles que falam muito e juram sempre;<br />

bem. E naqueles que <strong>de</strong> longe nos olham medrosos... tristes... mo<strong>de</strong>stos... mas que<br />

nos olham com fogo, e que abaixam a cabeça quando suas vistas se encontram com<br />

as nossas?<br />

– Esses, respon<strong>de</strong>u Mariquinhas, das duas uma, ou amam <strong>de</strong>veras, e pela<br />

primeira vez na vida, ou são piores que todos, são hipócritas.<br />

Fez a “Bela Órfã” um novo movimento <strong>de</strong> impaciência.<br />

– E como distinguir?... perguntou ela.<br />

– Estudando-os em seu proce<strong>de</strong>r.<br />

Celina calou-se.<br />

– Tu tens uma história para me contar, disse Mariquinhas abraçando-a.<br />

– História?...<br />

– Sim: a história <strong>de</strong> um moço triste e mo<strong>de</strong>sto que te ama, que nunca te falou<br />

<strong>de</strong> amor, mas que te olha com olhos <strong>de</strong> fogo.<br />

A “Bela Órfã” corou.<br />

– Somos duas amigas... quase da mesma ida<strong>de</strong>; que pejo é esse?<br />

– Eu não sei.<br />

– Fala.<br />

– Não ouviste outra vez rumor à porta?<br />

– Qual! é a tua imaginação.<br />

– Vou ver sempre.<br />

Celina foi <strong>de</strong> novo à porta do quarto; olhou para um e outro lado, e não viu<br />

ninguém.<br />

– Fala agora.<br />

– Ah! D. Mariquinhas! exclamou Celina caindo nos braços da amiga; eu sou<br />

bem infeliz!...<br />

<strong>CAPÍTULO</strong> XXVII<br />

CONFISSÃO DE AMOR<br />

CELINA estava muito comovida.<br />

– Anima-te! disse Mariquinhas.<br />

– Tu já amaste? perguntou aquela.<br />

– Agra<strong>de</strong>cida pelo cumprimento, respon<strong>de</strong>u-lhe a amiga. Com que, tendo eu<br />

149

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!