18.04.2013 Views

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mariana ficou por alguns momentos olhando para aquela fraca e mo<strong>de</strong>sta<br />

menina, que pela primeira vez a surpreendia com um sinal <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>cidido e<br />

forte.<br />

– Amas, já?... perguntou enfim a viúva.<br />

– Já o <strong>de</strong>clarei, senhora.<br />

– E a quem amas, minha pobre Celina?<br />

– Ao sr. Cândido.<br />

– E ele?...<br />

– Ama-me também.<br />

– Infeliz!... tu foste enganada!...<br />

Celina não <strong>de</strong>monstrou nem surpresa, nem receio, nem <strong>de</strong>sgosto. Desconfiava<br />

<strong>de</strong> tudo quanto lhe dizia Mariana; <strong>de</strong>ixou-se ficar em silêncio, olhando e sorrindo<br />

para sua tia.<br />

– Duvidas do que eu digo?...<br />

– Muito, senhora.<br />

– E se eu te <strong>de</strong>r uma prova?...<br />

Celina continuou a sorrir meigamente. Mariana lançou a mão ao bolso <strong>de</strong> seu<br />

vestido, tirou <strong>de</strong>le uma pequena carta, e entregou-a à “Bela Órfã”.<br />

Celina abriu a carta e leu-a. Seu rosto cobriu-se <strong>de</strong> mortal pali<strong>de</strong>z. Era a carta<br />

que a mulher <strong>de</strong> mantilha havia conseguido <strong>de</strong> Cândido.<br />

– E agora?... perguntou cruelmente Mariana.<br />

– Agora?... não sei... duvido ainda, respon<strong>de</strong>u a custo, e erguendo-se a “Bela<br />

Órfã”.<br />

– On<strong>de</strong> vai, Celina?<br />

– Preciso recolher-me e ficar só, senhora.<br />

Celina já estava na porta.<br />

– E o sr. Salustiano?<br />

A moça voltou-se e respon<strong>de</strong>u quase com altivez:<br />

– Ainda quando isto não seja efeito <strong>de</strong> uma nova calúnia, senhora, eu nunca<br />

serei esposa <strong>de</strong>sse homem por quem se mostra interessada.<br />

– E saiu.<br />

Por sua vez Mariana empali<strong>de</strong>ceu e ficou <strong>de</strong> novo muda, pensativa e abatida.<br />

<strong>CAPÍTULO</strong> XXXVIII<br />

HISTÓRIA D<strong>OS</strong> <strong>DOIS</strong> VELH<strong>OS</strong><br />

NO MESMO gabinete em que, poucas horas antes, escreviam João e<br />

Salustiano, foi que Rodrigues achou este último ainda agitado pela cena que tivera<br />

lugar.<br />

O velho entrou com ar solene e grave, e cumprimentou o mancebo com um<br />

simples movimento <strong>de</strong> cabeça.<br />

– Po<strong>de</strong> sentar-se, disse secamente Salustiano.<br />

211

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!