18.04.2013 Views

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

– Mas essa mulher terá meios <strong>de</strong> fazer-me esposo <strong>de</strong> Celina.<br />

– Não, não; porque haverá quem se levante entre a virgem pura e nobre, e o<br />

mancebo pervertido...<br />

– E quem ousará?...<br />

– Eu.<br />

– Bem, sr. Rodrigues, veremos.<br />

– E a carta, infeliz moço?...<br />

– Nunca!<br />

– Mas quando a vingança do ofendido vier cair sobre tua cabeça?...<br />

– Nada receio.<br />

– Pensa bem, mancebo: daqui a uma hora nada po<strong>de</strong>rá salvar-te... pensa...<br />

– Estou <strong>de</strong>cidido, senhor.<br />

– Então toda a esperança <strong>de</strong> conciliação está perdida?<br />

– Toda.<br />

– E as conseqüências?...<br />

– Embora.<br />

– Fiz quanto pu<strong>de</strong>, disse o velho com voz lúgubre; agora nada mais há que<br />

esperar.<br />

Salustiano sorriu.<br />

Rodrigues ergueu o braço direito como apontando para o céu, e saiu dizendo:<br />

– Justiça será feita.<br />

<strong>CAPÍTULO</strong> XXXIX<br />

NO ALPENDRE<br />

LOGO QUE Rodrigues saiu, João entrou para o quarto <strong>de</strong>ste, cerrou a porta e<br />

esperou a volta <strong>de</strong> seu irmão, meditando sobre os meios <strong>de</strong> realizar um projeto que<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitos dias, e então mais que nunca, o ocupava.<br />

Chegou Rodrigues, e adivinhando on<strong>de</strong> se recolhera o irmão, abriu a porta e<br />

entrou.<br />

O velho guarda-portão estava triste e abatido.<br />

– Então?... perguntou João.<br />

– Nada.<br />

– Não te havia eu prevenido <strong>de</strong> que serão inúteis todos os teus esforços?<br />

– Paciência, mas fiz o que <strong>de</strong>via.<br />

– E agora ainda quererás suspen<strong>de</strong>r-me?<br />

– Não; convém que aquele moço seja abatido.<br />

– Bem: tomo isso à minha conta.<br />

Ficaram os dois velhos pensando durante algum tempo, e <strong>de</strong>pois João<br />

perguntou:<br />

– E a respeito do outro, que novida<strong>de</strong>s há?<br />

– Ontem à noite fez ele vinte e um anos.<br />

217

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!