18.04.2013 Views

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

– Que queres pois?...<br />

– Rir-me.<br />

– Então enten<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>vo...<br />

– Zombar <strong>de</strong>le.<br />

– Como?...<br />

– Como te parecer.<br />

– Mas eu não sei fingir.<br />

– Pois <strong>de</strong>sengana-o; isso também me diverte. Ainda não vi como fica o rosto<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>senganado.<br />

– Tu és louca.<br />

– Vamos!<br />

– Hei <strong>de</strong> arrepen<strong>de</strong>r-me <strong>de</strong>ste passo.<br />

– Ao contrário, prevejo que terás <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer-me. Vamos! Não te lembras<br />

que o sr. Salustiano nos espera?<br />

Mariquinhas tomou a mão da “Bela Órfã”, e levou-a quase à força para o<br />

andar inferior.<br />

Quando as moças acabavam <strong>de</strong> <strong>de</strong>scer a escada, correu-se a cortina que tapava<br />

a portinha do fundo, por on<strong>de</strong> se comunicavam as câmaras <strong>de</strong> Mariana e <strong>de</strong> Celina.<br />

Um homem aproximou-se com precaução e cuidado da mesa, junto da qual<br />

tinham as moças conversado.<br />

A gaveta <strong>de</strong>ssa mesa estava fechada, mas Celina havia-se esquecido <strong>de</strong> tirar a<br />

chave.<br />

O homem abriu a gaveta, tirou <strong>de</strong>la os papéis que continham – a história do<br />

amor da “Bela Órfã” – e saiu com tanto cuidado e precaução como entrara.<br />

Esse homem era o velho Rodrigues.<br />

<strong>CAPÍTULO</strong> XXVIII<br />

ELAS E ELE<br />

ENTRARAM as duas moças na sala, e Salustiano, que se tinha recostado a<br />

uma janela, voltou-se para recebê-las.<br />

Sentaram-se todos três.<br />

Era bem <strong>de</strong> estudar-se a expressão fisionômica <strong>de</strong> cada uma daquelas três<br />

personagens.<br />

Celina, que havia sido trazida quase à força para a sala, mostrava-se<br />

contrafeita e acanhada; sentou-se bem unida a Mariquinhas, cuja mão apertava como<br />

procurando uma <strong>de</strong>fesa.<br />

Salustiano esforçava-se para ostentar a impassibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se jactava; mas<br />

não podia escon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> todo a comoção que sentia na presença da moça que amava, e<br />

o quanto o contrariava uma terceira pessoa, que ele não queria encontrar ali naquela<br />

ocasião.<br />

Mariquinhas completava o grupo. No meio dos dois <strong>de</strong>sapontados aparecia<br />

155

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!