18.04.2013 Views

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

– Para tua ventura também, sim; e graças a Deus, meu pai e eu não somos<br />

duas crianças como tu és, Celina.<br />

– Por que, minha tia?<br />

– Porque, na questão da escolha <strong>de</strong> um marido, tu cortarias todas as<br />

dificulda<strong>de</strong>s com o coração, e nós <strong>de</strong>cidiremos tudo com o juízo.<br />

– Ah! sim!...<br />

– Um marido é o homem que <strong>de</strong>ve acompanhar-nos toda a vida...<br />

– Provavelmente, minha tia.<br />

– O homem <strong>de</strong> quem tomamos o nome, a posição e as amiza<strong>de</strong>s.<br />

– Eu o pensava já.<br />

– E portanto, quando se trata <strong>de</strong> uma escolha <strong>de</strong>ssa natureza, toda a prudência<br />

se faz necessária.<br />

– Sem dúvida.<br />

– Nós queríamos para teu marido um moço bonito, <strong>de</strong> boas qualida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong><br />

bom nome e <strong>de</strong> boa fortuna.<br />

– Às vezes é difícil achar-se tanta coisa junta.<br />

– Tivemos a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar um que preenche nossos <strong>de</strong>sejos...<br />

– Ah! então já, minha tia?... sem que eu ao menos o suspeitasse?<br />

– É verda<strong>de</strong>; um interessante mancebo veio pedir-nos a tua mão.<br />

– Realmente foi um pouco apressado... nem ao menos procurou conhecer a<br />

minha opinião.<br />

– Já sabes quem é?...<br />

– Não, senhora.<br />

– Vê se adivinhas.<br />

– Não pretendo incomodar-me com isso.<br />

– Por quê?... perguntou Mariana, que se ia impacienetando um pouco.<br />

– Por nada, minha tia, respon<strong>de</strong>u secamente a “Bela Órfã”.<br />

– Estás zombando comigo, Celina?...<br />

– Não, minha tia.<br />

– Queres que te diga o nome <strong>de</strong>sse moço?...<br />

– Se lhe parecer conveniente.<br />

– É o sr. Salustiano.<br />

– Ah!<br />

– Tens que dizer alguma coisa?<br />

– Nada... eu, nada. Minha tia é que um dia me disse que aborrecia o sr.<br />

Salustiano como se aborrece um malvado.<br />

Escapou aos olhos <strong>de</strong> Celina um movimento rápido <strong>de</strong> Mariana.<br />

– Eu estava em erro, disse esta sem hesitar.<br />

– Apesar disso, minha tia, e apesar <strong>de</strong> todas as gran<strong>de</strong>s e nobres qualida<strong>de</strong>s<br />

que ornam esse mancebo, sou obrigada a <strong>de</strong>clarar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, que não serei sua<br />

mulher<br />

– Por quê?... perguntou a viúva.<br />

– Porque amo a outro, respon<strong>de</strong>u sem hesitação nem temor a “Bela Órfã”.<br />

210

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!