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OS DOIS AMORES Joaquim Manuel de Macedo CAPÍTULO I O ...

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isonho, belo e malicioso o rosto da interessante moça. Seus olhos vivos e travessos<br />

confundiam realmente Salustiano, que, a pesar seu, já não tinha sarcasmos para suas<br />

palavras, nem para seus sorrisos.<br />

– Sinto havê-la incomodado... tinha dito Salustiano muito <strong>de</strong>senxabidamente.<br />

– Oh! não, não nos incomodou, respon<strong>de</strong>u Mariquinhas; <strong>de</strong>u-nos ao contrário<br />

muito prazer.<br />

– Seria isso possível?... perguntou o moço, fitando os olhos em Celina.<br />

– Pois ainda duvida?... tornou a primeira.<br />

– Perdão, minha senhora; mas consi<strong>de</strong>ro tão subida essa felicida<strong>de</strong> que muito<br />

me custa acreditar nela.<br />

– Ora esta!... eu achava a coisa muito simples!<br />

– Talvez para V. Exa.<br />

– Digo mesmo que a sua visita foi um verda<strong>de</strong>iro obséquio que V. Sa. nos fez.<br />

– Lhes fiz?! V. Exa. fala em nome <strong>de</strong> mais alguém?... perguntou sorrindo-se o<br />

moço.<br />

– Certamente: falo também em nome da minha amiga.<br />

Celina apertou com força a mão <strong>de</strong> Mariquinhas.<br />

– Ai! não me apertes a mão, d. Celina!...<br />

– Ora, d. Mariquinhas, você está sempre brincando!<br />

– Mas, como eu dizia, V. Sa. nos fez um verda<strong>de</strong>iro obséquio aparecendo<br />

aqui.<br />

– Bem... suponhamos que V. Exa. não está apenas dizendo palavras muito<br />

lisonjeiras; suponhamos que eu tenho a vaida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acreditar que fiz um verda<strong>de</strong>iro<br />

obséquio a V. Exas. aparecendo aqui; <strong>de</strong>vo porventura concluir que eu era esperado<br />

e <strong>de</strong>sejado?<br />

Mariquinhas pensou um momento; sorriu-lhe a malícia nos lábios, e <strong>de</strong>pois<br />

respon<strong>de</strong>u:<br />

– Esta d. Celina compromete as amigas terrivelmente! é capaz <strong>de</strong> conservar-se<br />

em silêncio um dia inteiro!<br />

– Tenha V. Exa. a bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r por ela.<br />

– Pois bem: digo que não era positivamente V. Sa. quem <strong>de</strong>sejávamos ver.<br />

– Eis aí o que eu não compreendo.<br />

– Queríamos a presença <strong>de</strong> um <strong>de</strong> certos cavalheiros, e V. Sa. serve-nos a mil<br />

maravilhas.<br />

– Posso saber para quê?...<br />

– Para um estudo particular.<br />

– Ora!... eis-me compreen<strong>de</strong>ndo ainda menos do que ainda há pouco.<br />

– Trata-se <strong>de</strong> um segredo <strong>de</strong> moças.<br />

– Bem... não perguntarei mais nada.<br />

– Oh! pelo contrário, pergunte. Eu sou como as outras; quando tenho um<br />

segredo, fico louca para contá-lo a todos; na alma <strong>de</strong> nós outras, um pensamento que<br />

se não <strong>de</strong>ve revelar não é um segredo, é um martírio.<br />

– Então, o que é segredo?<br />

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