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Abbas 8ed - Imunologia Celular e Molecular

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A imunidade também pode ser conferida a um indivíduo pela transferência de soro<br />

ou linfócitos de um indivíduo especificamente imunizado em situações experimentais,<br />

um processo conhecido como transferência adaptativa (Fig. 1-3). O recebedor de tal<br />

transferência se torna imune a um antígeno particular sem nunca ter sido exposto ou<br />

ter respondido àquele antígeno. Portanto, esta forma de imunização é chamada de<br />

imunidade passiva. A imunidade passiva é um método útil para conferir rapidamente<br />

resistência, sem ter que esperar pelo desenvolvimento de uma resposta imune. Um<br />

exemplo fisiologicamente importante de imunidade passiva é a transferência de<br />

anticorpos maternos através da placenta para o feto, o que permite aos recémnascidos<br />

o combate a infecções antes de eles próprios desenvolverem a habilidade<br />

de produzir anticorpos. A imunização passiva contra toxinas pela administração de<br />

anticorpos de animais imunizados é um tratamento salvador para infecções letais, tais<br />

como raiva e picadas de cobras. A técnica de transferência adaptativa tornou possível<br />

definir as várias células e moléculas que são responsáveis por mediar a imunidade<br />

específica. De fato, a imunidade humoral foi originalmente definida como o tipo de<br />

imunidade que pode ser transferida para indivíduos não imunizados, ou imaturos,<br />

com porções livres de células contendo o anticorpo do plasma (i.e., plasma ou soro)<br />

obtido de indivíduos previamente imunizados. Similarmente, a imunidade mediada por<br />

célula foi definida como o tipo de imunidade que pode ser transferida a animais<br />

imaturos, mas não com plasma ou soro.<br />

A primeira demonstração experimental da imunidade humoral foi feita por Emil von<br />

Behring e Shibasaburo Kitasato, em 1890. Eles mostraram que se o soro de animais<br />

que haviam sido imunizados com uma forma atenuada de toxina diftérica fosse<br />

transferido a animais imaturos, os recebedores se tornavam resistentes<br />

especificamente à infecção diftérica. Os componentes ativos do soro foram chamados<br />

de antitoxinas, porque eles neutralizaram os efeitos patológicos da toxina diftérica.<br />

Este resultado levou ao tratamento da outra forma letal da infecção diftérica, pela<br />

administração da antitoxina, um objetivo que foi reconhecido com o prêmio do<br />

primeiro Nobel em Fisiologia ou Medicina para von Behring. Na década de 1890,<br />

Paul Ehrlich postulou que as células imunes usam receptores, que ele chamou de<br />

cadeias laterais, para reconhecer toxinas microbianas e, subsequentemente, secretálos<br />

para combater microrganismos. Ele também cunhou o termo anticorpos (do<br />

alemão antikörper) para as proteínas séricas que se ligam às toxinas, e as<br />

substâncias que produziram os anticorpos foram denominadas antígenos. A definição<br />

moderna de antígenos inclui substâncias que se ligam a receptores específicos em<br />

linfócitos, quer estimulem ou não respostas imunes. De acordo com definições<br />

estritas, substâncias que estimulam as respostas imunes são denominadas<br />

imunógenos, mas o termo antígeno frequentemente é usado de forma<br />

intercambiável com imunógeno. As propriedades dos anticorpos e antígenos são<br />

descritas no Capítulo 5. Os conceitos de Ehrlich consistem em um modelo<br />

extraordinariamente preditivo da função das células B na imunidade humoral. Esta

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